Segurança em foco, por Vinicius Cavalcante

Segurança Eletrõnica (2ª parte)

A tecnologia de alarmes, circuito fechado de televisão e segurança doméstica evolui com enorme rapidez, porém antes de solicitar a presença de um “consultor” da empresa que comercializa a segurança eletrônica tenha previamente uma ideia dos riscos que você enfrenta e daquilo que você necessita. O quê você espera do equipamento eletrônico? Descobrir quem ou quando se está pichando determinada parede, detectar a presença de estranhos nas áreas “X” e “Y”, ligar automaticamente as luzes da área “Z” quando da detecção de estranhos em horários remotos, abrir a porta da garagem e ligar as luzes internas, sensorizar a cerca eletrificada e informar qual área sofreu a tentativa de transposição, acionar uma discadora telefônica automática, acionar silenciosamente a polícia em caso de intrusão… Lembre-se de que o vendedor, digo “consultor”, sempre estará oferecendo para você “a melhor solução técnica otimizada, especialmente dimensionada para satisfação dos seus requerimentos específicos de segurança…(blá, blá, blá)” e que, embora isso até possa ser verdade, aquele profissional tem o interesse em vender produtos que podem ou não atender sua necessidade.
Nem sempre o equipamento tecnologicamente mais sofisticado e caro se constitui numa garantia de segurança. Como profissional brasileiro – formado em meio a uma falta de recursos quase crônica – acostumei-me a avaliar muito, a ouvir pareceres de vários técnicos da área de segurança eletrônica, comparar o desempenho de diferentes marcas dos equipamentos, pesar custos e na maioria dos casos a propor sistemas bastante eficazes, porém muito menos sofisticados (e mais baratos) do que aqueles que figuram nas capas das publicações especializadas. Sensores não são à prova de falhas e também tem seus pontos fracos.
Existem equipamentos de sensoreamento passivo de raios infra-vermelhos (que detectam variações sensíveis de calor), normalmente de tecnologia antiga e baixo custo, os quais podem ser acidentalmente ativados por animais domésticos, como cães e gatos, ou mesmo pássaros e roedores. Tal situação pode ocasionar alarmes falsos cuja continuidade tende comprometer a reação em caso de uma situação de intrusão real. Na área dos fundos de uma grande lanchonete situada no Rio de Janeiro, era comum o sensor de alarme disparar pelo menos duas vezes por noite.
Cada vez que o alarme disparava, o responsável pela segurança era acordado e tinha de decidir se avisaria a polícia ou não. Diversas vezes a polícia e até o próprio chefe da segurança da empresa estiveram na loja, apenas para constatar que os alarmes eram motivados por ratos – e ratos enormes. A região dos fundos da loja era a mais vulnerável a um arrombamento e já havia histórico de repetidos assaltos onde os criminosos penetraram pelo referido local. Como demandasse maiores gastos (e normalmente administradores não gostam de gastar com segurança), não fora autorizado dotar aquela área de sensores mais sofisticados, capazes de ignorar os ratos que passavam todas as noites, bem como aumentar a iluminação do local.
O resultado é que num certo dia o alarme soou como de costume, a loja foi arrombada novamente e só foi possível constatar que a natureza dos ratos era outra, quando da abertura das portas, pela manhã. A colocação de sensores próximos de árvores ou arbustos também pode gerar alarmes falsos e também deve ser evitada. Se possível, instale em sua residência um alarme eletrônico que toque no local, mas que também permita um monitoramento remoto.
Tais alarmes tanto servem para cobrir a área da residência contra arrombamentos e outros tipos de entradas não autorizadas (através do uso de sensores de abertura de portas, cercas eletrificadas ou detectores de presença por infra-vermelhos) como também para avisar de um assalto em curso. Hoje, em caso de qualquer alteração, como já dissemos, tais equipamentos podem ser conjugados, de forma a encaminhar mensagens (além das imagens) para o seu próprio celular. Uma vez avisado, você decide a providência que vai tomar.

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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