Após delação de lobista, CPI quer reter passaporte temendo fuga

O lobista Júlio Faerman, ex-representante no Brasil da empresa holandesa SBM Offshore, durante depoimento sem fala, na CPI da Petrobras. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O lobista Júlio Faerman, ex-representante no Brasil da empresa holandesa SBM Offshore, durante depoimento sem fala, na CPI da Petrobras.
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI da Petrobras, vai solicitar à Justiça do Rio de Janeiro a apreensão do passaporte do lobista Julio Faerman para garantir que ele não deixe o país e deixe de comparecer a novos depoimentos da comissão quando convocado. Ontem, ele deveria prestar esclarecimentos ao colegiado, mas não respondeu às perguntas dos deputados.
Faerman não era obrigado a depor na sessão. Ele conseguiu do Supremo Tribunal Federal uma autorização para permanecer calado sem que saia da CPI preso. O empresário firmou acordo de delação premiada em maio e alegou que não pode depor por este motivo. O acordo de delação ocorre por investigações do Ministério Público que correm no Rio e que não estão ligados à operação Lava Jato, que identificou um esquema de pagamento de propina na Petrobras.
O empresário informou que mora no Reino Unido e se comprometeu a comparecer a novos depoimentos se for reconvocado pela comissão. Ele também declarou que não possui cidadania europeia. O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), defendeu que após a homologação do acordo de delação, Faerman seja novamente chamado para depor.
O empresário é acusado de intermediar o pagamento de propinas da empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras. A SBM é uma empresa holandesa que aluga navios plataforma para petroleiras.
“Venho sendo equivocadamente identificado na imprensa nacional como lobista”, afirmou Faerman ao declarar que não iria responder às perguntas dos parlamentares.
O empresário também afirmou que sua empresa foi contratada pela SBM para atuar como representante de seus negócios no Brasil e que desde então “resultou em ganhos expressivos à Petrobras”.

Deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI: "Ficar em silêncio é um direito constitucional” Foto: Agência Câmara

Deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI: “Ficar em silêncio é um direito constitucional”
Foto: Agência Câmara

A CPI tem encontrado dificuldades para ouvir Faerman. Ele foi um dos primeiros convocados pela CPI para depor, mas a comissão não conseguiu encontrá-lo para notificá-lo. No mês passado, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), informou que chegou a pedir à Polícia Federal que prendesse Faerman temporariamente para que ele fosse conduzido à CPI.
Após a ameaça, os advogados de Faerman entraram em contato com a comissão informando o endereço do empresário e sua disposição para prestar depoimento. Mas obteve a autorização para permanecer em silêncio na audiência de ontem.
Como Faerman não compareceu à primeira convocação da CPI, os deputados defenderam a retenção do passaporte pela Polícia Federal para garantir que ele não sairá do país, dificultando novas oitivas. Questionado sobre se confia no compromisso de retornar a uma audiência da comissão para depor, Motta respondeu: “confio tanto, que vou solicitar a retenção do passaporte.”
“Ficar em silêncio é um direito constitucional, mas é um mecanismo da defesa dos acusados que engessa os trabalhos da CPI”, disse o deputado Luiz Sérgio, relator da CPI.
Faerman foi apontado pelo ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, delator da Operação Lava Jato, como o responsável pelos pagamentos de propina por parte da SBM à Petrobras desde 1998.

Novo delator pode derrubar Dilma
e o Partido dos Trabalhadores

Segundo o blogueiro Felipe Moura Brasil, na Revista Veja, “Júlio Faerman fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato e espera apenas a homologação da Justiça para contar o que sabe. Por enquanto, informou o Correio Braziliense, sua defesa preferiu manter o silêncio na CPI da Petrobras”.
“Faerman é o lobista da construtora holandesa de navios SBM Offshore, empresa que admitiu ter pago, por meio dele, 139 milhões de dólares em propinas para funcionários da estatal. O delator Pedro Barusco contou que Júlio Faerman repassou 300 mil dólares em propinas à campanha de Dilma Rousseff, em 2010, por meio do tesoureiro petista João Vaccari Neto, o que pode acarretar até a extinção do PT por receber dinheiro do exterior. Dilma Rousseff, em entrevista a uma emissora de televisão francesa, afirmou: ‘Estão tentando envolver a minha campanha. Não existe nenhum indício que o prove. Não só em 2010, mas também em 2014’. Dilma está tensa. Um dos indícios da sujeira de sua campanha está prestes a ser confirmado por Faerman para o juiz Sérgio Moro. Como disse o outro delator do esquema internacional da SBM, Jonathan David Taylor: ‘Se tudo isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma Rousseff não seria presidente’”, finalizou o blogueiro.

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