Retrato do abandono: Via Light sofre com descaso do poder público

Com medo de atravessarem as passarelas, muitos pedestres se arriscam ao cruzarem a pista
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Ao longo de seus pouco mais de 10 quilômetros de extensão, a RJ-081, oficialmente chamada de Via Light, que liga Nova Iguaçu à Pavuna, no Rio de Janeiro, vive ladeada de problemas e, em alguns trechos, é o retrato do descaso do poder público com as vias expressas da cidade. Lixo, entulho, mato, carcaças de veículos e até de animais mortos podem ser vistos em diferentes trechos da via que corta os municípios de São João de Meriti, Mesquita e Nilópolis, sendo o mais crítico entre Mesquita e Nilópolis, onde o lixo e o entulho rolam das encostas e se acumulam em pontos da pista.
A via foi construída em 1998, com o principal objetivo de desafogar o tráfego de veículos na Rodovia Presidente Dutra, além de ser uma importante via de ligação do Grande Rio, mas não conseguiu emplacar como alternativa à Dutra, se tornando apenas o principal ponto de ligação da Baixada com o metrô. Projetada para receber cerca de 50 mil carros diariamente, apenas 13 mil circulam pelo local. Em 2005 a via ganhou novo trecho, até o Viaduto Dom Adriano Hipólito e em seguida a própria Prefeitura de Nova Iguaçu investiu na ampliação da estrada até Marco II e Ouro Preto.

Grandes montanhas de lixo estão espalhadas por diversos pontos da Via Light
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

As 11 passarelas de pedestres construídas ao longo da estrada, que corta ainda 23 bairros, também estão em precário estado de conservação e servem para travessia de motos e até de cavalos. “Quando preciso atravessar prefiro entre os carros que passam correndo do que arriscar ser assaltado na passarela. São Muito desertas e sempre utilizadas por motociclistas. Tenho medo”, admitiu o auxiliar administrativo João Ricardo Teixeira, de 30 anos, que mora em Mesquita e utiliza a Via Light para ter acesso ao metrô, na Pavuna.
A falta de segurança é uma das principais reclamações de motoristas e de quem mora nos arredores. “Pouco utilizo, pois tenho medo de assaltos, já que a Via Light só tem grande movimento nas imediações de Nova Iguaçu e depois segue deserta demais. O que é uma pena, pois é muito mais rápido por ela do que pegar trânsito na Dutra”, disse o bancário Altair de Lima, 42. O bancário, que mora em Nova Iguaçu disse ainda que há pouco tempo era comum observar pessoas correndo e caminhando pela pista. “Agora não se encontra mais ninguém, pois além do perigo de atropelamento, os assaltos se tornaram constantes”, emendou ele.
Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) disse estar ciente dos problemas citados e “aguarda o reequilíbrio das finanças do estado para regularizar os serviços relacionados à manutenção rotineira das vias, incluindo limpeza e iluminação.”

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