Corruptos ao quadrado e canalhas ao cubo

*Jorge Pontes

O que podemos pensar de homens públicos que enriquecem às custas de fraudes perpetradas contra a saúde pública de uma população tão carente como a carioca? Em que grau de ordinarice pode chegar um médico? Como alguém que presta um juramento como o de Hipócrates pode cometer tamanha barbaridade, sendo, ainda por cima, bem sucedido e renomado?
Um médico sabe, como ninguém, o quanto 300 milhões de Reais poderiam salvar vidas.
E devem, em contrapartida, saber que um rombo de 300 milhões na saúde tem o condão de acarretar dezenas de mortes. A corrupção, de fato, mata.
Parece que não há limites para essa gente da política. Eles roubam na merenda, nas próteses médicas, nos planos de saúde, nos fundos de pensão e nas escolas. São ladrões sem qualquer traço de freios morais.
O Governo Sérgio Cabral, ao que tudo indica, implantou na esfera estadual, no Rio de Janeiro, um esquema nos moldes acadêmicos de crime institucionalizado.
Esse governo do Rio mais se assemelhou a uma gangue de trombadinhas. Às vezes perguntamos “se haveria algum caso de roubo nesse governo”… mas nesse caso temos curiosidade é de saber se houve alguma área de governo na qual esse governador trabalhou sem desviar dinheiro. A melhor pergunta seria então: será que houve algum governo nesse roubo?
Que penalidades mereceriam esses médicos, políticos e empresários, que armaram um golpe que abiscoitou 300 milhões, com a ruína e o sofrimento físico de tantas pessoas necessitadas? O que seria de bom tamanho para esses traidores?

*Jorge Pontes é Delegado de Polícia Federal e foi Diretor da Interpol no Brasil.

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