Companhia Adorart de B. Roxo desperta paixão pela arte de representar

Jeffeson Alencar reunido junto ao elenco no ensaio da peça que será apresentada hoje Rafael Barreto/SECOM

Em um cenário onde a oportunidade é precária e nem sempre a vontade de ajudar vem em primeiro lugar, está a Companhia de Teatro Adorart de Belford Roxo. Com o objetivo de socialização, o grupo oferece gratuitamente oficinas de teatro e a chance de se profissionalizar para aqueles que se descobriram nas artes cênicas e não tem recursos suficientes para desenvolvê-la.
Em 2010, quando iniciou os trabalhos, na Igreja Nova Vida, em Heliópolis, eram apenas seis integrantes. As oficinas de teatro aconteciam na própria igreja com a direção do seu fundador e professor, Jefferson Alencar, de 28 anos. Em seu primeiro espetáculo, ‘A Paixão de Cristo’, o grupo conseguiu reunir um número grande de pessoas de diferentes lugares.
Sem recursos suficientes para os espetáculos, os integrantes usavam figurinos improvisados e trabalhos artesanais. Para se manter, os participantes vendiam almoços, balas e trufas na igreja, água em jogos de futebol e no carnaval para conseguir fundos para a realização das peças. Ao longo do ano, a companhia continua com a oficina de teatro juntando cada vez mais pessoas que nunca tiveram contato com o meio, que através desse trabalho, se apaixonaram pela arte. Prepararam pessoas que atualmente trabalham na área, apresentam espetáculos infantis e alguns que são montados para serem apresentados nas praças públicas.
Segundo Jefferson Alencar este ano, é a primeira vez que o grupo recebe o apoio da Prefeitura de Belford Roxo. “Com essa colaboração da Prefeitura vamos melhorar a qualidade dos espetáculos podendo trazer cada vez mais o teatro para perto das pessoas e despertar o interesse naqueles que não achavam uma direção além da formação de platéia a arte de representar,” disse Jefferson.
A companhia já conseguiu reunir pessoas que estavam com uma vida ociosa e outras que não tinham recursos para arcar com escolas de teatro que hoje se apaixonaram pela arte e que estão encaminhados em outras companhias ou que começaram seus próprios trabalhos.
“O teatro ajuda bastante as pessoas que não tem uma direção na vida, incentiva e motiva as pessoas”, disse Davi Domingos, de 21, morador de Heliópolis. Ele disse ainda que desde pequeno foi incentivado pela mãe a fazer teatro, mas não tinha recursos para fazer um curso. “Soube da Companhia Adorart por um amigo e comecei a freqüentar os ensaios. Hoje me preparo para o espetáculo ‘A Paixão de Cristo’ que acontece em Belford Roxo”, comentou Davi.
Davi aprendeu várias técnicas com o Jefferson e é grato a ele por ter conseguido se desenvolver. Também conseguiu dar entrada em seu registro de ator provisório e agora está buscando o definitivo para se desenvolver no ramo.
Jefferson Alencar destacou a importância da arte na vida de muitos jovens que estavam perdidos. “Todos os trabalhos que fazemos tem o objetivo de descobrir novos talentos, ajudando a se desenvolverem e encaminhá-los para o mercado de trabalho”, disse Jefferson.

Meta é socializar comunidades carentes

O líder comunitário da Favela do Lixão, em Duque de Caxias, conheceu o trabalho da Companhia de perto e gostou. Contatou o Jefferson com o intuito de levar para a comunidade e poder promover a socialização de pessoas carentes, que estão no ambiente do tráfico e dar uma chance de uma nova vida. O projeto está em discussão e previsto para iniciar no próximo ano. A companhia já se apresentou em Nova Iguaçu para um público médio seis mil pessoas.
As escolas de teatro mais próximas são no Rio de Janeiro e existe uma dificuldade para os moradores da Baixada que estudam, trabalham e tem uma situação financeira desfavorável. Se deslocar para o Rio já é um desafio, e quando chegam lá, tem audições para entrar em cursos e escolas que para as pessoas que estudam e tem material que podem se aprofundar é mais fácil de conseguir ingressar.
Para o fundador da Companhia Adorart, Jefferson Alencar. “Poucas escolas de teatro são gratuitas no Rio de Janeiro, e quando os processos de audições são abertos, existe uma procura absurda, dificultando a chance de entrar”, afirmou Jefferson que ainda mencionou um futuro projeto que pretende abrir: um curso profissionalizante de teatro em Belford Roxo para atender a população local e adjacente, onde possa acontecer o encaminhamento dos atores ao sindicato e conseguir o registro.

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