Via Exército, Governo condecora Sérgio Moro

Juiz da Operação Lava Jato foi cumprimentado pelo presidente Michel Temer durante a cerimônia
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Na manhã de ontem, o juiz federal Sérgio Moro foi condecorado com a Ordem do Mérito Militar, em cerimônia de comemoração do Dia do Exército, no Setor Militar Urbano, em Brasília. Moro já estava presente quando o presidente Michel Temer (PMDB) chegou ao local e o cumprimentou.
Moro não quis responder perguntas da imprensa. Ao ser questionado sobre o relatório do projeto que atualiza a lei do abuso de autoridade, o juiz disse que só falaria sobre o Dia do Exército.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, aproveitou a ordem do dia da cerimônia de comemoração do Dia do Exército para fazer um discurso cheio de recados políticos. Ele falou de “incontáveis escândalos de corrupção”, “aguda crise moral”, “ausência de disciplina social” e avisou que “não há atalhos fora da Constituição”.
“Apesar dos esforços dos Governos, o colapso da segurança pública nos cobra dezenas de milhares de vidas por ano; a aguda crise moral, expressa em incontáveis escândalos de corrupção, nos compromete o futuro; a ineficiência nos retarda o crescimento; a ausência, em cada um de nós, brasileiros, de um mínimo de disciplina social, indispensável à convivência civilizada e uma irresponsável aversão ao exercício da autoridade oferecem campo fértil ao comportamento transgressor e à intolerância desagregadora”, disse o general durante a cerimônia que contou com a presença do presidente Michel Temer e do juiz federal Sérgio Moro.
O general ponderou ainda que este momento “tão grave não pode servir a disputas paralisantes”. “Pelo contrário, ele exige do povo e de suas lideranças, a união de propósitos que nos catalise o esforço de regeneração, para restabelecer a esperança e a confiança que nos permita identificar nossos objetivos comuns e reconstruir, a partir daí, o sentido de projeto de Nação que nos legaram os heróis de Guararapes.”
Segundo ele, “não há atalhos fora da Constituição”. “O caminho a ser seguido requer a sinergia de todos”, afirmou. (AE)

PF investiga ameaças ao
juiz da Lava Jato no Rio

Juiz Marcelo Bretas prendeu o ex-governador Sergio Cabral, Eike Batista e Sérgio Côrtes e mandou o trio para Bangu 8
Leo Martins/Agência O Globo

Uma equipe da Polícia Federal de Brasília está no Rio de Janeiro para investigar as ameaças feitas ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelas ações da Lava Jato no Estado. Pelo menos dois planos de assassinato que tinham o juiz como alvo foram descobertos. Bretas, que decretou a prisão do ex-governador Sérgio Cabral Filho, do empresário Eike Batista e do ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, entre outros, teve a segurança reforçada no início de abril. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem do Grupo Estado.
Um dos planos para matar Bretas partiu de um presídio. Outro chegou por telefone, numa ligação ao Disque Denúncia. O juiz, titular da 7ª Vara Federal Criminal, começou a ter escolta de agentes federais em fevereiro. Naquele mês, pessoas estiveram na cantina e na portaria do prédio da Justiça Federal e tentaram obter informações sobre a rotina de Bretas.
Há duas semanas, o desembargador André Fontes, presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, determinou o reforço da segurança. “O tribunal está atento à situação do juiz Bretas. Esse talvez seja um dos maiores desafios que o tribunal enfrenta hoje. Vim aqui simbolicamente dizer a todos que essa preocupação que paira sobre o juiz hoje também é preocupação do tribunal”, disse o desembargador, na ocasião.
A equipe da PF de Brasília que está no Rio é a mesma que avaliou as ameaças recebidas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Moro, a princípio, recusou a escolta, mas desde março de 2016 é acompanhado por agentes federais e se locomove em veículos blindados.
Em outubro passado, quando esteve no Rio para receber o prêmio de Homem do Ano, pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria, Moro esteve o tempo todo sob a vigilância dos agentes. No jantar para 150 pessoas, em que os convites custaram entre R$ 400 e R$ 600, era exigido traje black tie. Os policiais vestiram-se a caráter e misturaram-se aos convidados. (AE).

Procuradores: a aprovação do
PL vai “calar” a Lava Jato

Ontem, os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato divulgaram vídeo, no qual criticam o projeto de lei de Abuso de Autoridade de autoria do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros. No vídeo exibido nas redes sociais, Deltan Dallagnol afirma que, se aprovado, o projeto vai “calar de vez a força tarefa da Operação Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro”.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) prevê que a lei seja aprovada ainda em maio.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, a procuradora da República Isabel Groba lembra que, em 2013, protestos impediram a “aprovação da PEC 37, que retirava do Ministério Público o poder de investigar”. “Agora, os políticos tentam calar as autoridades novamente”, afirma.
O procurador da República Carlos Fernando Santos Lima, que também integra a força-tarefa da Lava Jato, explicou que todos são contra o abuso de autoridade, “mas não é isso que está em jogo”. “Esse projeto promove uma verdadeira vingança contra a Lava Jato. O que desejam é processar criminalmente o policial que os investiga, o procurador que os acusa e o juiz que o julga”, disse.

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