Janio Moraes exalta filosofia do clube e promete força total na Série D-2018

Fala, presidente! Janio Moraes com os troféus Domingos Moro, Série B do Carioca, Taça Santos Dumont e Quadrangular Extra da Taça Guanabara, conquistados em 2016 e 2017
Bernardo Gleizer/Divulgação

Em seus 27 anos de história, o Nova Iguaçu viveu sem dúvida seus melhores quatro meses neste 2017. Depois de ter feito um excelente papel na Copa São Paulo de Juniores, o Orgulho da Baixada realizou um Campeonato Carioca histórico, terminando na quinta colocação, atrás apenas dos quatro grandes, conquistando dois títulos e vagas nas competições nacionais do próximo ano.
O Nova Iguaçu faturou os títulos do Quadrangular Extra da Taça Guanabara e da Taça Rio (Troféu Domingos Moro), que reuniu os terceiros e quartos colocados. Com a quinta colocação na classificação geral, o clube carimbou a vaga para a Série D-2018 e muito provavelmente para a Copa do Brasil-2018 – para isso, basta que algum carioca se classifique à Libertadores.
Nesta entrevista especial ao site oficial do Nova Iguaçu, o presidente do clube, Janio Moraes, fala sobre a campanha histórica da equipe no Carioca, o planejamento para o segundo semestre, prometeu ir com força total para a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro de 2018 e agradeceu o apoio dos torcedores, reforçando que a filosofia do clube de formar atletas será mantida.
“Não contratamos um time inteiro para fazer essa campanha que fizemos. Conseguimos essa campanha com a filosofia de 1º de abril de 1990, quando o clube foi fundado: a formação. Quando jogamos a Segunda Divisão, dos 29 jogadores, 19 eram feitos em casa. Tem jogadores aqui que estão conosco desde os 8, 9, 10 anos de idade. É preciso ter coragem para fazer isso – afirmou Janio.
O presidente do Nova Iguaçu também anunciou que fará obras no Estádio Laranjão para atender às exigências para o Campeonato Carioca, Copa do Brasil e Série D do Brasileiro: a construção das novas cabines de rádio e televisão.

>> O Nova Iguaçu fez sua melhor campanha na história do Carioca, ficando em quinto lugar, atrás apenas dos chamados quatro grandes. Qual é o significado disso para o clube?

Esse 2017 vai ficar marcado na trajetória do Nova Iguaçu. Ratifica esses 27 anos de história do clube. Vivemos um momento tão delicado no país, tão triste… É assustador hoje ligar a TV e ver esse mar de lama. Sempre defendo que onde tem corrupção, tem desigualdade, tem descaso. As pessoas que pilotam um governo federal, um estado, um município, têm de ter um cuidado enorme porque muitas pessoas dependem da decisão dessas lideranças. Esse sangramento vai acabar estourando na mão de todos nós. Há tantas leis de incentivo fiscal, de apoio ao esporte, aos atletas olímpicos… Esses líderes são responsáveis por esse mar de lama que está aí. Isso acaba estourando na mão de todos esses projetos que poderiam ser canalizados para as crianças, para a formação de novos atletas. Imagina quantas pessoas dependem da decisão desse líder?
Voltando ao futebol, fico feliz e orgulhoso de nesses 27 anos ter mantido uma postura sempre transparente e correta. Sei que há mais de 100 famílias aqui que dependem das ações do Nova Iguaçu Futebol Clube. São 100 famílias que estão ali aguardando e eu não posso errar. Isso tudo ratifica esse árduo trabalho que fizemos nesses 27 anos. Não se faz um ano vitorioso como esse de 2017 apenas de dois, três meses. Essa consolidação tem sido feita desde o dia 1º de abril de 1990, quando fundamos o clube, com a filosofia de só poder colocar a mão onde alcança. Atingimos uma marca nova, de ser a quinta força no futebol profissional, classificação para a Série D e muito provável também de conseguir uma vaga na Copa do Brasil. Essa marca demoramos na base uns 10, 12 anos para atingir e se equiparar aos quatro grandes, mesmo com um orçamento totalmente abaixo deles. Talvez eles tenham 15 laranjas para gastar num ano, e nós só temos uma laranja. Mesmo assim, levamos 12 anos para ficar em quinto lugar na base, e nos últimos anos temos conseguido chegar em terceiro, até em segundo. No profissional, ficamos pela primeira vez no quinto lugar, é uma marca muito expressiva no nosso trabalho. Vem da seriedade, da competência, mas acima de tudo é a valorização interna do nosso trabalho de base.
>> Há dois anos, o Nova Iguaçu amargava um doloroso rebaixamento. No ano passado, o clube sofreu para conseguir voltar à Primeira Divisão, depois de uma Série B tumultuada e bastante complicada. Essa campanha de 2017 seria uma retomada do crescimento do Nova Iguaçu?

Dois mil e quinze foi um ano muito triste para o Nova Iguaçu, mas o clube continuou fortalecendo sua filosofia. Dois mil e dezesseis foi um ano muito sacrificante, fomos jogar a Segunda Divisão, que não é fácil. É muito difícil, tem o extracampo, e esse ano ainda foi atípico porque houve uma briga entre os clubes e ficamos dois meses parado, só treinando, tivemos que assumir dois meses de folha de pagamento. Depois jogamos um triangular… Foi um ano muito, muito difícil. Mas o mais importante foi que o Nova Iguaçu não mudou sua filosofia. Quando fomos para a Segunda Divisão, dos 29 jogadores, 19 eram feitos em casa. O que eu fiz para subir? Nada. O Nova Iguaçu fortaleceu sua filosofia. Sempre falo que é caro fazer um jogador, mas não é só o dinheiro. É a coragem. O Marlon joga no profissional desde os 18 anos. Tivemos a coragem de colocar o Marlon, o Wescley, o Lucas, o Vinicius Matheus, o Yan no time. Talvez, quando descemos em 2015, alguns jogadores ainda não estavam maduros, mas o Nova Iguaçu não alterou sua filosofia. Tenho experiência como presidente de 27 anos, fomos jogar uma seletiva (fase preliminar do Carioca-2017) que foi uma experiência acima do normal. Treze dias de competição, cinco jogos decisivos que decidiram o futuro do clube. Futebol não se faz de um dia para o outro. São os campos bem cuidados pela equipe de patrimônio do Gerson (Marinho, diretor de patrimônio), o atendimento aos atletas no restaurante que é administrado pelo Cacalo (diretor-administrativo), a parte interna de futebol que é conduzida pelo Vitor (Lima, vice-presidente de futebol), a chegada do Jorginho (Moraes, diretor-executivo de futebol) como diretor exclusivamente para o profissional, a escolha da comissão técnica… Tivemos também cuidado na escolha dos atletas. É uma soma de atitudes, mas nada é mais relevante do que a filosofia do clube. Saber que Wescley, Lucas, Marlon tiveram uma grande campanha, é fruto de tudo isso. Pouco mais da metade dos atletas do elenco foi formada em casa. A responsabilidade vai aumentar, mas vamos manter a filosofia. Não contratamos um time inteiro para fazer essa campanha. Conseguimos essa campanha com a filosofia de 1º de abril de 1990: a formação. Tem jogadores aqui que estão conosco desde os 8, 9, 10 anos de idade.

>> A conquista também veio para coroar o trabalho da comissão técnica. Edson Souza, por exemplo, chegou para a Série B e hoje é o técnico com mais jogos e títulos na história do clube…

O Edson é um jovem treinador. Da mesma maneira que ele fala que é o técnico com mais vitórias aqui, eu também falo que o Nova Iguaçu com certeza contribuiu muito com a carreira dele. Tenho conhecimento do que estou falando, ele tem duas características muito boas: é um rapaz muito honesto e muito trabalhador. Você tem esse diamante bruto e tem de ajudar a lapidá-lo. Tenho convicção de que o Nova Iguaçu contribuiu muito com ele. Da mesma maneira que tivemos paciência para formar os jovens jogadores, analiso o Edson. Futebol tem que ter paciência e sabedoria. Tivemos o plano da Segunda Divisão, com o Felipe (Américo, preparador de goleiros) e o Robson (Gabriel, auxiliar-técnico) na comissão, ambos fizeram um bom trabalho aqui e agradecemos muito a eles pelo trabalho, e houve uma troca. Chegaram o Willian (Bacana, preparador de goleiros) e o Ricardo (Cruz, auxiliar), que tem uma característica muito calma, e deu para dar um equilíbrio maior. Acho que o Edson tem muita coisa para evoluir e também para crescer como técnico, tem muito potencial. Foi uma escolha acertada, ele já conhecendo como funciona o Nova Iguaçu e nós procurando entendê-lo na posição de treinador.

>> Quando o Nova Iguaçu foi rebaixado em 2015, dois atletas sofreram muito, que são o volante Paulo Henrique e o goleiro Jefferson. São os dois com mais jogos na história do clube, e agora eles puderam ajudar muito nessa campanha histórica. O que o senhor pode falar deles?

Tenho o maior respeito e procuro sempre enaltecê-los porque eles merecem. São jogadores que sofreram muito com a queda, mas foram pessoas bem responsáveis, sujeito-homem, ficaram com a gente sabendo das dificuldades que enfrentaríamos. Somos um clube que não paga o salário que outros clubes pagam, me rendo a isso, e vamos continuar nessa filosofia, porque não posso sangrar o clube. Mas pagamos em dia, nunca vamos para o próximo jogo sem pagar a premiação combinada do jogo anterior. Investimos muito na infra-estrutura do clube, o atleta precisa de uma estrutura para trabalhar. Gelo, campo tratado, água filtrada, piscina de recuperação, reposição, profissionais qualificados à disposição… Esses dois jogadores são um exemplo para a gente. São dois jogadores nível top e estão conosco há oito, dez anos. Sabemos que temos que sempre valorizá-los um pouco mais, só não tenho recurso para valorizar todos. Esse lado do carinho, do respeito, de saber cantar o hino, isso são coisas que valorizamos demais. Sou muito agradecido a esses dois jogadores.

>> Ainda sobre a montagem do elenco, eles ficam para o próximo ano?

Conseguimos trazer um jogador que começou aqui, mas depois fugiu para a Alemanha (risos), que foi o Raphael Azevedo (zagueiro). É um jogador também que acho que pode entrar nesse mesmo caminho do Jefferson e do Paulo Henrique. Fomos muito felizes na contratação do Murilo Henrique, do Caio Cezar, do Iuri Pimentel… Mas também quero agradecer muito a um atleta que está com sua vida meio que resolvida já, mas que se doou muito, virou o artilheiro do Carioca. A confiança que o Adriano teve conosco, com o clube… São pessoas cuja história espero que não tenha acabado aqui. Vislumbro o 2018 com eles sim. Ainda temos muitas coisas para conquistar. O Nova Iguaçu é um clube com visão comercial, não crio caso com nenhum jogador quando tem proposta, mas que seja uma proposta que ele vá e seja beneficiado, e que o clube tenha vantagem também. Precisamos negociar um ou dois jogadores por ano, é necessário para melhorar os que ficaram, melhorar a estrutura e pensar mais forte no futuro. Espero que consigamos convencer esses jogadores para que continuem. Mas não vou abrir mão da saúde do clube. Temos que buscar os recursos para melhorar a nossa situação. Ultimamente usei uma frase e vou repetir aqui: quero muito fazer feliz quem me faz feliz.
Presidente Janio Moraes e torcida
>> O Nova Iguaçu terá agora apenas a Copa Rio para disputar em 2017. Quais são os planos para o segundo semestre?

Vamos emprestar alguns jogadores para clubes das Séries B, C e D do Brasileiro e B do Estadual. Precisamos saber apenas o calendário da Copa Rio, quando vai começar, mas começaremos o trabalho da Copa Rio já vendo 2018. Estamos em negociação com alguns atletas que estarão sem contrato a partir de 1º de maio para que a gente faça a nossa programação de um ano e meio, dois anos.

A torcida do Nova Iguaçu está empolgada em disputar a Série D no ano que vem, muitos pedindo para o clube ir com força e buscar o acesso à Série C. O que esperar de 2018?

Quero primeiro agradecer o apoio, o carinho, o reconhecimento da torcida. Agradecer às centenas de torcedores que compraram a camisa oficial, vocês não sabem o quanto é importante comprarem os produtos oficiais na nossa loja, porque isso ajuda o clube, populariza o clube. O carinho é maravilhoso, foi muito gostoso esse primeiro quadrimestre de 2017. Quero falar para vocês que o Nova Iguaçu vai vir com força total na Série D. É claro que precisamos fazer um bom Carioca-2018, se manter na Primeira Divisão, e isso não é fácil. Vamos tentar ficar com a base e reforçar o elenco para permanecer na Primeira Divisão, fazer de tudo para ficar entre os cinco, seis primeiros colocados… Não vamos abrir mão dessa oportunidade de jogar a Série D. Conto muito com a torcida, com o apoio dos iguaçuanos, todos nós precisamos nos unir para conquistar esses desafios que vêm pela frente. Primeiro o Carioca-2018, depois vir com tudo. Podem ficar tranquilos que não vamos abrir mão dessa oportunidade que nos está sendo dada. E tentar também chegar o mais longe possível na Copa do Brasil, porque tenho quase que certeza de que vamos conquistar essa vaga. Continuem prestigiando, confiando. Amamos o que fazemos, temos orgulho desse clube que hoje é um exemplo nacional. Vocês, torcedores do Nova Iguaçu, se sintam orgulhosos de ter um clube exemplo a nível nacional. Foi o clube que fez a melhor apresentação para receber o Certificado de Formador, dito pela CBF. Não estamos brincando de fazer futebol. Estamos querendo ser uma força futura do futebol carioca e brasileiro. Não vamos medir esforços para atingir essa meta.

>> Todo mundo que visita o Centro de Treinamento do Nova Iguaçu sempre elogia a manutenção e nota que há alguma obra, sempre melhorando a estrutura. Quais serão os próximos passos nesse sentido?

Aqui dentro existe uma manutenção constante. Este ano foi um ano diferente no Carioca, houve televisionamento pela internet. Houve um grau de exigência maior, os clubes precisam de uma estrutura para receber a TV. Estou só fechando o mês de abril para avaliar o lado financeiro, o custo operacional do clube é alto. Mas uma coisa é praticamente certa: pretendemos começar essa obra talvez em julho, que é a construção das cabines de rádio e TV do estádio. É uma obra cara, mas é para que possamos receber os jogos da Copa do Brasil aqui. É preciso ter a cabine de rádio e TV. É a nossa próxima meta. Estamos muito entusiasmados em fazer isso e já visando o Carioca ano que vem, porque há a possibilidade dos jogos entre os clubes de menor investimento serem televisionados. Temos pretensão de ampliar o estádio futuramente, mas acredito que teremos recursos para executar essa obra das cabines. Estamos finalizando o salão da Escola de Futebol, uma espécie de ginásio, um espaço para dar mais conforto às crianças, uma obra que está nos enchendo de orgulho. Vamos finalizar essa obra e cair dentro das cabinas de rádio e TV. (Republicado do portal www.nifc.com.br)

por Jota Carvalho

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