Funcionários públicos voltam a protestar em Belford Roxo

Cerca de 200 servidores municipais fizeram passeata pelas ruas da cidade e pediram a revogação de lei que põe fim a benefícios
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Servidores públicos de Belford Roxo voltaram a protestar contra uma lei aprovada na Câmara Municipal e que põe fim a uma série de benefícios dos trabalhadores. Ontem, cerca de 200 funcionários de diferentes setores participaram do ato, que contou com passeata pelas ruas da cidade e foi encerrado em frente à prefeitura. Eles prometem voltar a ocupar hoje a Câmara dos Vereadores e podem entrar em greve a qualquer momento.
Profissionais da Saúde, da Educação e da limpeza da cidade reclamam de descontos irregulares em seus salários desde outubro do ano passado e alegam não terem acesso aos contracheques. “Estamos sendo descontados por algo que não sabemos o que é. A prefeitura não libera nosso contracheque, não recebemos mais o vale-transporte. Como há descontos se não temos mais benefícios?”, questiona a professora do Ensino Fundamental Luana Souza, 31 anos.
Além dos descontos irregulares, os servidores relataram que não receberam o 13º salário, o adicional por dupla jornada e também reclamam da perda do triênio. Segundo a professora Verônica da Silva, 37 anos, as horas extras feitas durante três meses, em 2016, não foram pagas.
“Trabalhei em um segundo turno dando aulas de setembro a novembro e até hoje não recebi, fora os mais de R$ 150 reais que têm sido descontados do meu salário. Tenho tirado dinheiro do meu bolso para pagar a passagem até a escola onde dou aula. Não me sobra nada”, lamenta a educadora.
Segundo os organizadores da manifestação de ontem, em assembleia foi aprovada a greve dos servidores por tempo indeterminado ou até ser revogada a lei aprovada pela Câmara. Eles disseram, ainda, que os servidores que têm participado dos atos contra a Câmara dos Vereadores e a Prefeitura de Belford Roxo estão sendo vítimas de ameaças via WhatsApp. As mensagens seriam um aviso de que os manifestantes teriam os salários descontados, caso não deixem de trabalhar para participar dos atos. Apesar disso, eles prometem ocupar a Câmara hoje, a partir das 14h.

Corte de benefícios foi pedido do prefeito

Na semana passada, um grupo de servidores ocupou a Câmara Municipal
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje/Arquivo-20/04/17

Na quinta-feira do dia 13 de abril, véspera do feriado de Sexta-Feira Santa, os vereadores de Belford Roxo aprovaram mensagem enviada à Câmara pelo prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho. A lei, publicada no dia 14 de abril, pôs fim a vários direitos já conquistados pelos servidores municipais, tais como adicional por tempo de serviços, triênio, vale transporte, licenças, plano de carreira e benefícios por formação. Em protesto contra Waguinho e o presidente da Câmara, Reinaldo Gandra, funcionários públicos invadiram a Casa Legislativa, na última terça-feira (18), e prometeram novas manifestações até que a lei seja revogada.
Por meio de nota oficial, a Prefeitura de Belford Roxo justificou o corte de benefícios dos servidores como forma de “proteger a municipalidade e o próprio funcionalismo dos impactos da crise econômica que atinge não só este município, mas todo o Brasil”. Ainda segundo a prefeitura, “a ação de contenção de despesas é responsável e se faz necessária para que o Executivo cumpra suas obrigações financeiras com rigor e não volte a atrasar salários, uma vez que, além dos gastos do exercício vigente, ainda arca com o ônus deixado pela administração passada”. A nota termina dizendo que “a Prefeitura respeita o direito e valoriza o servidor, mas precisa agir com firmeza nesse momento para não comprometer a folha de pagamento dos próximos meses.”

Por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)
Colaboração: Élida Machado

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