Randolfe Rodrigues critica os colegas parlamentares que cedem à pressão da CBF, para barrar investigações sobre a entidade
Foto: Pedro França/Agência Senado
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) revoltou-se ao ver cancelada a votação sobre a Medida Provisória do futebol, na tarde da quarta-feira (10), no Congresso Nacional. “Este senhor Marco Polo Del Nero – presidente da CBF – tem mais poder que a presidente da República no Congresso Nacional. Ele consegue barrar uma Medida Provisória editada pelo Executivo. Tem mais poder na República que as principais autoridades”, esbravejou Rodrigues.
Por falta de quórum o debate sobre a MP não teve andamento e os parlamentares só têm até a próxima terça-feira (16), para votar. Depois deste dia, a MP perde a validade. O senador atribui à CBF um movimento para boicotar a MP e também a CPI do Futebol, que está em fase de implantação no Senado.
A CBF pode ter uma boa notícia na próxima semana, caso se confirme a presença do senador João Alberto (PMDB-MA) na presidência da CPI que vai investigar contratos feitos pela confederação durante a gestão Ricardo Teixeira, José Maria Marin (hoje preso na Suíça sob suspeita de corrupção) e Del Nero. O parlamentar faz parte do grupo Sarney, que tem na figura de Fernando Sarney a posição de vice-presidente da CBF.
“Acho um absurdo que parlamentares se prestem a cumprir um papel desses, em um momento em que o futebol está numa crise tremenda, a Fifa está sob pressão. Eles se submetem à pressão da entidade que está sob investigação. Este espaço (Congresso Nacional) tem sempre sido espaço de pressão da CBF”, afirmou Randolfe Rodrigues. “O cidadão tem que compreender que o futebol é um patrimônio imaterial dos brasileiros. Tem que cobrar a corrupção no futebol da mesma forma como cobra, de maneira correta, a corrupção no poder público”, pediu Rodrigues.
O senador Romário (PSB-RJ) concorda com a tese de Randolfe. “As pessoas não conseguem entender que a defesa da CBF hoje nesta casa, no Congresso, é a defesa do que é ruim, atrasado e imoral pro nosso futebol”, falou o ex-jogador, na quarta-feira, durante a reunião da MP. “Tudo nesta casa que passe a dar qualquer tipo de responsabilidade à entidade maior do futebol que é a CBF infelizmente não irá pra frente”, lamentou o Baixinho tetracampeão do mundo.
