Segurança em Foco, por Vinicius Cavalcante – 06/05

Segurança em portarias (continuação)

Instrua sempre seus empregados para a o fato de que os bandidos necessariamente não tem cara e que eles deverão executar os procedimentos previamente estabelecidos independentemente de quem seja a pessoa que se apresenta à porta de casa ou na portaria do prédio. Não critique seus empregados se, por zelo excessivo, eles deixarem uma visita sua esperando ou se cobrarem identificação de alguém de sua confiança. Pelo contrário, elogie-os a postura cuidadosa e os estimule a manter a atenção constante. Instrua seus empregados para não abrir a porta para pessoas que se apresentem para oferecer serviços não solicitados (encanadores, jardineiros, eletricistas, etc).
Antes de admitir um entregador, certifique-se de que a encomenda é realmente esperada. Evite deixar chaves com empregados. Sempre haverá o risco da duplicação não autorizada. No seu caso, os empregados podem até ser de confiança, porém a condição humilde faz deles alvos mais fáceis para chantagem ou mesmo violência, de forma que a chave guardada poderá ser obtida com maior facilidade. Nunca deixe portões e portas abertas.
Oriente seus empregados para mantê-los fechados durante os serviços de lavagem de tapetes, calçadas e imediações, deixando sempre a chave da porta com alguém dentro de casa. Quem estiver com as chaves deverá ser instruído para não abrir a porta. Mantenha sempre as garagens fechadas, se possível, adote o princípio de dupla eclusa (onde uma das portas só abre enquanto a outra estiver trancada) deixando sempre o comando das portas com o porteiro. À noite, mantenha um bom sistema de iluminação externa, deixando também algumas lâmpadas internas acendendo e apagando automaticamente, mesmo quando não houver ninguém em casa. A portaria (no ponto onde se posiciona o porteiro) deve ser mantida com pouca luz em contraste o exterior bem iluminado. Áreas de varandas e quintais necessitam de iluminação, pois no escuro, um criminoso pode aguardar para surpreender-lhe tão logo você saia ou abra uma porta ou janela.
A fim de diminuir o gasto com luzes permanentemente acesas, adote acionadores automáticos conjugados à sensores de raios infra-vermelhos, os quais acenderão ao detectarem movimento em seu campo de cobertura. Quando tal perímetro for muito extenso, recomenda-se, pelo menos iluminar próximo às cercas e muros, de forma que alguém, que se tente valer da escuridão para aproximar-se da edificação tenha sua silhueta revelada pelo contraste de luz e sombra. Você, uma vez no interior da edificação deve dispor da melhor visualização da área externa que for possível obter, negando aos adversários a oportunidade de se aproximarem furtivamente, com a ajuda da escuridão.
Para facilitar a visualização de áreas circunvizinhas aos acessos utilize-se de espelhos convexos de razoáveis dimensões e acostume-se a olhá-los antes de sair ou de abrir as portas para quem quer que seja. Comunique-se com os seus vizinhos e conscientize-os, procurando formar um esquema de vigilância comunitária, para que haja observações recíprocas das residências. Se tal forma de integração for viável, estabeleça códigos de comunicação de emergência com eles. Em caso de poder confiar nos vizinhos, ao viajar, avise-os e peça que eles acionem a Polícia Militar se perceber alguma movimentação suspeita na casa durante sua ausência. Um recurso de alarme útil e barato consiste em interligar-se com as casas vizinhas instalando campainhas que toquem nos vizinhos em caso de emergências. Elas podem ser colocadas junto às portas de acesso (disfarçadas como interruptores de luz), nos banheiros ou mesmo, num esquema mais sofisticado, conectadas a acionadores de pânico sem fio.
Esquemas de segurança de vizinhança são muito úteis e podem desencorajar criminosos que atuam no roubo de veículos e residências. Instrua às pessoas do seu círculo aproximado a desconfiar e relatar quaisquer indagações sobre sua vida e a rotina da casa. Procure saber sempre se indagam a seu respeito, a respeito da família, dos hábitos da casa e o quê é perguntado. Isso pode se constituir num forte indício de que você (sua casa ou algum dos seus entes queridos) virou alvo potencial de uma ação criminosa. Faça com que seus funcionários adquiram a malícia e fiquem sempre atentos. Morando em edifício, combine com o porteiro códigos ou senhas, pois quando ele chamar pelo interfone ou bater em sua porta, você saberá se o porteiro estiver agindo sob ameaça de alguém.
Só contrate empregadas domésticas com referências anteriores. Verifique o endereço da empregada ou de seus parentes. O mesmo procedimento deve ser adotado em relação a motoristas e outros empregados da casa. Vá o local onde o funcionário reside, colha informações sobre ele e seus familiares ou contrate uma empresa que possa fazer tal levantamento. Verifique também os antecedentes criminais. Por mais bem indicado que o funcionário seja, jamais contrate alguém “no escuro”!
Verifique junto ao síndico do edifício ou condomínio as referências dos empregados que contrata e desconfie daqueles oriundos de outras cidades, solitários e “sem história”. Assegure-se que mantenha a ficha de todos os empregados do prédio, mesmo os eventuais. O ideal é que em grandes condomínios todos sejam identificados por crachás.

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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