Carrinho de rolimã é ferramenta educacional

A ideia simples e inovadora atravessa os anos e conquistou um espaço cativo entre os alunos do oitavo ano

No próximo sábado, os alunos do 8º ano do Centro Educacional Pioneiro vão colocar para rodar um brinquedo produzido por eles nas aulas de educação física. Trata-se de um veículo artesanal feito de madeira, com três ou quatro rolamentos, um eixo móvel na frente e um freio manual atrás. Para construir isso tudo, foram longos três meses batendo prego, apertando parafusos, manuseando furadeira e até serra tico tico. Como recompensa, além de adquirir conhecimento em diversas matérias, eles ganharam oito carrinhos de rolimã feitos por eles próprios. Animados, agora se lançam ao desafio de descer 70 metros no asfalto, embalados pela torcida!
O sucesso da experiência só foi possível porque os professores encamparam uma proposta de trabalho interdisciplinar ousada, que engajou os estudantes do início ao fim. Foram dias de muito trabalho, com mais erros do que acertos, com furos e mais furos na madeira para posicionar a rodinha aqui e acolá. “Eles testaram, repensaram a estratégia e saíram em busca de soluções para os problemas que encontraram”, relata a professora Marcia Sacay, coordenadora de Ciências e Inovadoria da escola, que acompanhou o projeto.
Os trabalhos começaram com um mergulho na história do carrinho de rolimã: que brinquedo era aquele, de tanto sucesso na década de 40, de que material era feito e qual a melhor maneira de produzir um exemplar que funcionasse? Essa etapa exigiu resgatar o conhecimento empírico dos avós e encontrar referências em manuais em vídeo da internet.
Em pouco tempo, a turma reuniu as informações, mas começou a notar as dificuldades de trazer o projeto teórico para o mundo real. Os meninos e meninas perceberam que a altura da chapa de madeira altera a estabilidade do carrinho, que a posição do assento depende do estilo de pilotagem. E aí… voltaram a recalcular, reprogramar, observar os acertos do grupo ao lado, pensar em uma nova solução.
De alguma forma, é preciso dizer, toda a família participou do resultado. Teve pai que ajudou a pegar um pedaço de madeira na caçamba, tio que conseguiu as rodinhas usadas em uma oficina mecânica, mãe que foi atrás de lixa, irmão que deu palpite, avô que resolveu testar antes do final. Para resumir toda a história, conforme o projeto foi ganhando corpo, não se falava em outra coisa na escola ou em casa: era só carrinho de rolimã.

Brinquedos serão testados nas ruas

Neste sábado, depois de tanto trabalho, os “engenheiros” vão testar seus modelos no asfalto, como faziam seus avós. A rua escolhida fica a poucos metros da escola e terá um trecho fechado para a competição. Vencerá a equipe construtora do carrinho que percorrer 70 metros no menor tempo possível. Eles não vão embalar ladeira abaixo, mas a inclinação da rua é suficiente para aumentar a velocidade e dobrar a adrenalina de quem estiver pilotando.
Os próprios jovens providenciaram os equipamentos de proteção, como capacete, kit de primeiros socorros e até ferramentas para reparo. “Eu me sinto muito realizado em ver como o projeto ganhou força e o apoio de todos”, diz o professor de educação física Maurício Caires Brito. “As crianças precisam se conectar ao trabalho manual e não podem perder as habilidades corporais”, reforça. A partir deste ano, a construção do carrinho de rolimã será um projeto de todas as turmas que iniciarem o 8º ano.

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