Dia das Mães

*Pedro Chaves

Muito me orgulha lembrar que no próximo domingo comemoramos no Brasil e no mundo o Dia Das Mães. Tenho muito carinho e respeito por essa data porque ela é produto direto da luta delas, ao longo da admirável história da humanidade.
No passado essa data já era celebrada na Grécia Antiga e no Império Romano. Há registros mostrando que as famílias da Inglaterra, no século XVII, comemoravam esse dia. O ato de presentear as mães já era tradição para os ingleses.
No tempo presente devemos a formalidade e o amplo interesse por essa data ao esforço da jovem americana, Evans Jerry, que no início do século passado lutou para homenagear sua mãe, que trabalhava com filantropia, em uma época em que poucas mulheres desenvolviam essa atividade.
A persistência de Evans foi fundamental para que o governo dos EUA oficializasse o segundo domingo de maio como Dia das Mães.
Outras nações seguiram o exemplo dos EUA. No caso do Brasil, foi o Presidente Getúlio Vargas quem criou oficialmente a comemoração do Dia das Mães no ano de 1932.
Em todas as instituições que dirigi procurei comemorar essa data com entusiasmo. Trabalho com a ideia de que esse é um dia de celebração, mas também de profunda reflexão política.
O papel que a mulher cumpre na sociedade é muito importante. Provavelmente ninguém consegue se aproximar tanto do conceito de solidariedade e amor como as mães. Na defesa dos filhos elas se superam.
Sou muito agradecido a Deus por ter me dado uma mãe mais do que maravilhosa e determinada. Dona Joana Mendes dos Santos cuidou dos seus seis filhos com esmero e dedicação. Foi uma verdadeira rainha do lar.
Em momentos de dificuldade econômica ela trabalhou como lavadeira de roupa no tradicional Colégio Dom Bosco, de Campo Grande, em troca da mensalidade da escola dos seus filhos. Essa foi a forma que encontrou para que eu e meus irmãos tivéssemos acesso à educação de qualidade.
Lembro-me que, mesmo diante das dificuldades seu sorriso era franco e iluminado, seu coração puro e generoso e os abraços fraternos e calorosos que ganhei até hoje me trazem imensa saudade.
O mesmo eu posso dizer da Minha querida esposa, Reni, que desde que a conheci, faça sol ou chuva, sempre está no “batente” cuidando não só de mim, claro, mais também dos nossos filhos e netos e das instituições educacionais que construímos.
Minha filha, Neca, seguiu o caminho da avó e da mãe. Não tem medo de trabalho e ainda encontra tempo para cuidar dos filhos e dar alguns conselhos aos pais.
Como se sabe o Brasil continua com imensa dívida social com nossas mães. Principalmente as mais desfavoráveis economicamente. Essa situação perdura há séculos.
Só que o problema tende a ficar mais difícil quando se sabe que já passamos da casa de 14 milhões de desempregados. Uma parte das pessoas que perderam seu emprego, infelizmente, é formada por mães, inclusive muitas solteiras, portanto demandando um olhar solidário e fraterno do Estado.
Já falei no Senado que a mulher continua tendo carga horária muito superior ao homem e ganhando bem menos que ele. Centenas de trabalhos acadêmicos continuam denunciando essa clara e indefensável discriminação de gênero.
E mais: não são poucas aquelas que fazem jornada dupla e tripla. No caso da trabalhadora que tem filhos pequenos, conforme estudo da FEA/USP, no caso do Brasil, ganha em média 27% menor que as suas colegas sem filhos. Isso é um disparate.

Ademais, cresce no mundo e no Brasil o número daquelas que são responsáveis pela manutenção do lar. Todas as despesas e outras obrigações ficam por conta exclusivamente delas.
Isso tudo acontecendo quando sabemos que a oferta de creche pública é muito abaixo da demanda real. Nas comunidades mais vulneráveis essa situação se converte numa verdadeira bomba relógio. Há momentos em que a mãe precisa optar entre o emprego e a proteção ao filho.
Dados publicados pela Folha de São Paulo do dia 04/12/2015 indicam que continua aumentando no Brasil o número de lares chefiados por mulheres. Em 2014 já eram 27,7 milhões de domicílios. Essa cifra representa 39,8% dos lares nacionais.
Entre 2004 e 2014, a quantidade de mulheres chefes de família aumentou 67% no Brasil. Em meu estado, Mato Grosso do Sul, as mulheres são responsáveis pelo sustento de 36% das famílias.
Eu vejo que a conjuntura ainda é difícil para a mulher, mas, por outro lado, como entusiasta do protagonismo delas, fico contente em ver que mesmo diante de imensa dificuldade elas não perdem a linha e a esperança.
Estão rompendo as amarras criadas pela sociedade patriarcal que tanto mal fez ao Brasil e as mulheres.
No entanto, ainda é bastante tímida a representatividade das mulheres na política e no comando de grandes empresas de engenharia, de informática, de construção civil, hospitais, de aviação, bancos, mineradoras, nas Forças Armadas, entre outras atividades de ponta do mundo globalizado.
As novas tecnologias e o acesso da mulher a educação formal se converteram em aliados importantes da luta feminina por espaços que, até então, eram reservados como cota aos homens.
Faço parte da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Devemos criar o ambiente saudável ao pleno reconhecimento e exercício de seus direitos.
Nessa data, em que se comemora o Dia das Mães, desejo muito sucesso a todas elas. Desejo também que as mulheres continuem a ocupar os espaços econômicos e políticos que a sociedade oferece.
Estou convencido que o Brasil precisa da participação mais intensa e vibrante das mulheres para poder encontrar um caminho novo e seguro que nos leve a construção de uma pátria rica, democrática e justa para homens e mulheres.

*Pedro Chaves é empresário e senador da República.

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