Segurança em Foco, por VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE – 13/05

Prevenindo extorsão telefônica e outros cuidados

Oriente seus familiares e empregados para que não forneçam informações pessoais por telefone. Deixe-os particularmente atentos às pessoas que buscam informações cadastrais ou bancárias. Explique-lhes que a companhia telefônica não liga para confirmar dados pessoais de seus clientes. Atualmente, muitas extorsões são praticadas a partir de celulares “clonados” e este autêntico “telecrime” se nutre de informações colhidas previamente, em telefonemas onde interlocutores educados obtém a maior quantidade possível de informações pessoais sobre as vítimas que atacarão depois.
Telefones celulares nas mãos de bandidos se transformaram em verdadeiras armas e ainda assim há quem se oponha a criação e manutenção de um grande cadastro nacional de celulares, nos moldes do que já existe para os veículos automotores, que pudessem ser acessados pela polícia sem a burocracia da solicitação de autorizações judiciais. Na atual conjuntura, a preservação do sigilo do nome de um proprietário de telefone ajuda enormemente aos criminosos.
Por mais incrível que pareça a ameaça ganhe tempo e não ceda à chantagem telefônica. Os criminosos tentam levantar dados de seus alvos e tentam fazer parecer que conhecem muito bem as suas vítimas, porém, na maioria das vezes, seus argumentos não resistem a uma análise feita de cabeça fria.
Se alguém liga para você dizendo que está com seu ente querido em seu poder, procure demonstrar total interesse e preocupação, finja-se de amedrontado, faça parecer que a ligação está baixa, com problemas e desligue o seu telefone por instantes, enquanto checa a informação. Pergunte ao interlocutor com qual roupa estaria vestido o refém e veja o que ele responderá.
O comunicante desconversará e não responderá de forma objetiva, pois, normalmente ele sequer conhece a vítima. Uma fortíssima indicação de que se trata de uma tentativa de extorsão vazia e não de um sequestro real é que na extorsão os criminosos insistirão nervosamente para não desligar o telefone e que se você fizer isso eles matarão o refém. Eles precisam infundir o terror e ao mesmo tempo não dar chance para que você tente se comunicar com o dito refém e checar sua segurança. Para um sequestrador de verdade, tal fato seria irrelevante, uma vez que ele realmente tem o refém e muitas vezes faz a comunicação inicial com a família através do telefone da própria vítima.
Há mesmo variações deste golpe, em que os criminosos, solícitos, se fazem passar por policiais e pedem informações sobre uma pessoa que teria sofrido um acidente. Converse com seus familiares sobre a possibilidade de tais ocorrências e estabeleça com eles procedimentos de checagem de segurança. Estabeleça códigos de acesso à sua casa (gestos, discreto reposicionamento de objetos inocentes, acionamento de luzes, toques de telefone, de buzina, pronúncia de palavras-chave etc) de maneira que se um de seus familiares for surpreendido por assaltantes ele possa avisar discretamente a outros de que algo não vai bem.
Acionando esse código, procure ganhar tempo. Não ceda ao impulso de ir ao encontro de entes cativos ou de ceder rapidamente às solicitações. Diga que está procurando as chaves ou que o botão elétrico de liberação da porta não está funcionando. Jamais abra a porta de imediato e busque uma forma de acionar a Polícia informando da urgência do atendimento. Mesmo que o telefone da polícia esteja ocupado, diga que se trata de uma emergência e peça a alguém de confiança para continuar tentando o contato. Mantenha em locais visíveis uma lista contendo telefones de emergência da Polícia Militar, da Delegacia de Polícia da área, do Corpo de Bombeiros, hospitais e de amigos a quem recorrer em face de uma emergência.
Ao chegar à sua casa, se perceber a presença de suspeitos nas imediações, não pare e comunique-se com a polícia. Mantenha papel e lápis à mão a fim de poder anotar placas de veículos ou outros detalhes que possa ser importante lembrar. Combine com seus familiares anunciar a sua chegada com toques sequenciados de buzina ou com uma chamada de telefone celular. Estabeleça um código com seus familiares para que os mesmos possam informar para você se estiverem falando sob a coação de bandidos. Instrua repetidamente as crianças para não abrirem as portas a pessoas estranhas, sem a aprovação de um adulto.
VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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