Delatora diz que Lindbergh recebeu ‘direitinho’ caixa 2

Ex-cara pintada e ex-prefeito de Nova Iguaçu teve inserções na TV pagas com propina da OAS, segundo delatora
Agência Senado / Divulgação

A empreiteira OAS entregou “direitinho” o dinheiro não contabilizado destinado ao pagamento de inserções televisivas estreladas pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) em 2013, disse ao Ministério Público Federal (MPF) a empresária Mônica Moura. Segundo a delatora, parte do dinheiro pago “por fora” foi entregue na própria residência do petista.
Em 2013, o marqueteiro João Santana e a empresária Mônica Moura foram contratados para fazer inserções publicitárias do PT do Rio de Janeiro, estreladas por Lindbergh. Segundo a delatora, ficou combinado com o partido que Lindbergh usaria as inserções para “vitaminar” a sua candidatura ao governo fluminense, na eleição de 2014.
O valor oficial do contrato foi de R$ 200 mil, enquanto outros R$ 400 mil seriam pagos pela OAS “por fora”, de acordo com a empresária. “Eu tava tão escolada com essa coisa que falei ‘ok’. Teve um atraso da parte oficial, o PT carioca demorou pra pagar, mas a parte da OAS, não. Entregaram direitinho”, afirmou Mônica.
Mônica contou ao MPF que foi procurada por um assessor de Léo Pinheiro, então presidente da OAS. Teriam sido feitas duas entregas em dinheiro, de R$ 200 mil cada: a primeira, em um hotel no bairro de Santa Tereza, na região central do Rio; a segunda, na residência do próprio senador, no Leblon, zona sul.
“A gente foi fazer uma gravação com o Lindbergh na casa dele, ele mora no Leblon, tava a mulher dele, tava todo mundo… Eu fui porque já tinha combinado com esse Mateus Coutinho (suposto assessor de Léo Pinheiro na época) que ia me encontrar lá. Fomos pra um canto, ele me entregou um pacotinho”, disse Mônica Moura.

“Produzimos os comerciais, foram pro ar, foi um sucesso”, comentou a empresária

Segundo Mônica, o assessor de Léo Pinheiro tinha “intimidade” com Lindbergh Farias. “Produzimos os comerciais, foram pro ar, foi um sucesso”, comentou a empresária.
“Foi uma coisa pequena, muito pequena mesmo, uma produção de oito a nove comerciais. Pequena eu digo em relação ao tamanho dos trabalhos que a gente faz numa campanha política que dura um ano, que se gasta R$ 20 milhões, R$ 30 milhões, estou falando nessa proporção. Não tô dizendo que R$ 600 mil é coisa pequena, não”, ressaltou a delatora.
No ano seguinte, Lindbergh teria convidado João Santana para fazer a sua campanha ao governo do Rio, mas o casal não aceitou. “Foi o ano de 2014, a gente tinha a campanha da Dilma, e uma campanha no Panamá, dificílima, de presidente, e o João falou que infelizmente não podia fazer”, explicou Mônica. Lindbergh obteve 10% dos votos e não disputou o segundo turno da eleição.
>> Defesas – Até a publicação desta matéria, a assessoria do senador não havia respondido à reportagem. O espaço está aberto para a manifestação do parlamentar, Procurada pela reportagem, a OAS informou que não irá se manifestar. (Agência Estado).

Dilma Rousseff queria Mantega
para arrecadação de caixa dois

O publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010/2014), afirmou em delação premiada à Procuradoria-Geral da República que a ex-presidente “não tinha uma relação de confiança” com João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso na Lava Jato. Segundo João Santana, a petista pediu ao seu ministro da Fazenda na ocasião, Guido Mantega, que assumisse o lugar de Vaccari na arrecadação de caixa 2 para a campanha.
Os vídeos da delação do marqueteiro e de sua mulher Mônica Moura, nos quais há um detalhamento de como funcionava a arrecadação via de caixa 2 nas campanhas de Dilma, tiveram seus sigilos derrubados na sexta-feira, dia 12, pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
“Ela (Dilma) já sabendo da nossa angústia em relação à dívida que permanecia da campanha de 2010 me disse que não me preocupasse em relação ao que aconteceria em 2014 porque ela não ia deixar repetir os mesmos erros, que ela iria tirar a administração desses pagamentos de Vaccari, que aliás é uma pessoa que eu não sei o motivo, mas a presidente Dilma não tinha uma relação amistosa, nem de confiança, e queria colocar uma pessoa de sua confiança, que se revelou que era o ministro Guido Mantega.”
O casal de marqueteiros é investigado na Operação Lava Jato. João e Mônica assinaram acordo de delação premiada em abril. Eles se comprometem a pagar multa de R$ 6 milhões e a devolver US$ 21,6 milhões mantidos em uma conta na Suíça.
>> Defesa – Em nota enviada à imprensa, a assessoria de Dilma Rousseff disse que a ex-presidente “nunca negociou doações eleitorais ou ordenou quaisquer pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas, ou fora delas”.
“São mentirosas e descabidas as narrativas dos delatores sobre supostos diálogos acerca dos pagamentos de serviços de marketing. Dilma Rousseff jamais conversou com João Santana ou Monica Moura a respeito de caixa dois ou pagamentos no exterior. Tampouco tratou com quaisquer doadores ou prestadores de serviços de suas campanhas sobre tal assunto”, informou a assessoria de Dilma. (AE).

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