Praça de guerra em Brasília e no Rio

Temer chama Forças Armadas para defender Brasília

Alerta máximo! Soldados deverão permanecer em estado de guerra na capital federal até dia 31 deste mês
PR

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, que foi escalado pelo presidente Michel Temer para dar a resposta do governo às manifestações que aconteceram ontem (24), na Capital do País, anunciou que estava decretada ação de Garantia da Lei e da Ordem e que tropas federais já se encontravam no Palácio do Planalto e no Itamaraty e que mais homens chegarão para proteger os ministérios.
Segundo Jungmann, a decisão de Temer foi tomada após solicitação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e também por conta da violência registrada nas manifestações em Brasília.
“Atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas também levando em conta fundamentalmente que uma manifestação que estava prevista como pacífica, degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público, na ameaça às pessoas – muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e que estamos neste momento garantindo a sua evacuação – o senhor presidente da República decretou, repito por solicitação do presidente da Câmara, uma ação de garantia da Lei e da Ordem”, anunciou Jungmann ao lado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen.

Ministro da Defesa, Raul Jungmann, fala à imprensa sobre baderna na Esplanada dos Ministérios
Valter Campanato / Agência Brasil

O ministro da Defesa disse ainda que as tropas federais estão ocupando a Esplanada dos Ministérios. “Neste instante, tropas federais já se encontram aqui neste Palácio (do Planalto), no Palácio do Itamaraty e logo mais estão chegando tropas para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes”, afirmou.
Segundo Jungmann, Temer fez questão de ressaltar que “é inaceitável a baderna e o descontrole”. “Ele não permitirá que atos como este venham a turbar um processo que se desenvolve de forma democrática e com desrespeito às instituições”, finalizou.
Jungmann deixou o pronunciamento, feito no Salão Leste do Planalto, sem responder sobre a ausência do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e também nem sobre quantos homens serão deslocados para Brasília.
>> Silêncio – Pela manhã, interlocutores do presidente Michel Temer estavam pregando o silêncio em relação às manifestações. Auxiliares do presidente diziam que era preciso esperar para ver a adesão e o desenrolar dos fatos. No entanto, após os episódios de violência e de registro de incêndios na Esplanada, auxiliares avaliaram que havia ficado insustentável o silêncio. E, então, o governo escalou Jungmann e Etchegoyen para se manifestarem. Serraglio, na última greve geral no fim de abril, tinha sido o escolhido do Planalto para comentar os protestos. (AE).

Jandira Feghali (PCdoB) pede
suspensão do decreto que
acionou Forças Armadas

“Esse decreto é ilegal”, afirmou a deputada federal comunista
Agência Câmara

Vice-líder da oposição na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou na tarde de ontem, que opositores vão exigir na Justiça a suspensão do decreto do presidente Michel Temer que autorizou o uso das Forças Armadas para reprimir manifestações contra o governo que aconteceram ontem na Esplanada dos Ministérios, na capital federal. “Esse decreto é ilegal”, afirmou a deputada ao sair de reunião no gabinete da presidência da Câmara com lideranças da base aliada, da oposição e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No encontro, Jandira disse que opositores também pediram o encerramento da sessão plenária de quarta-feira, pois não havia clima para votações.
De acordo com a parlamentar fluminense, durante o encontro, Maia negou que tenha pedido ao Palácio do Planalto o uso das Forças Armadas para reprimir os protestos em frente ao Congresso Nacional. Reforçando o que disse em plenário, o presidente da Câmara afirmou que só pediu o envio de homens da Força Nacional de Segurança. “Ele diz que não pediu. Então, que ele venha a público e diga que o governo errou ao dizer que foi ele que pediu”, afirmou Jandira.

Ato de servidores do Rio depredou prédios
enfrentou a polícia e causou pânico

Carros oficiais de cinco deputados estaduais foram danificados durante o protesto em frente à sede da Alerj
Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Ontem, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o aumento da contribuição previdenciária de servidores públicos de 11% para 14%, mesmo em meio a protestos da categoria contra a medida. A Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar manifestantes que protestavam do lado de fora. Houve depredação e correria, o comércio fechou as portas e o VLT teve a circulação interrompida.
O Rio entrou em estágio de atenção, às 16h50, por causa dos confrontos, segundo o Centro de Operações Rio. O estágio de atenção é o segundo nível em uma escala de três e significa que há reflexos na mobilidade. A recomendação foi que a população utilizasse trens e metrôs e evitasse o Centro da Cidade. Por causa dos tumultos, empresas e repartições públicas liberaram funcionários para saírem mais cedo do trabalho.
Carros de cinco deputados estaduais foram danificados durante o protesto em frente ao Palácio Tiradentes, sede da Alerj. O carro da deputada Lucinha (PSDB) teve um vidro quebrado. Os veículos dos deputados Fatinha (SDD), Zaqueu Teixeira (PDT), Geraldo Pudim (PMDB) e Enfermeira Rejane (PCdoB) sofreram avarias leves, como retrovisores quebrados. A Segurança da Casa acionou a Polícia Civil para registrar a ocorrência e fazer a perícia dos veículos, informou a assessoria de imprensa da Alerj.
As primeiras bombas foram lançadas pouco depois das 15h30 somente em ruas laterais da assembleia, para onde um grupo de manifestantes havia se deslocado na tentativa de entrar na Alerj. Lá, alguns mascarados depredaram um veículo oficial usado por deputados.
Cerca de 15 minutos mais tarde, PMs começaram a se deslocar em direção à Avenida Rio Branco, distante três quadras do legislativo estadual, fecharam os acessos e dispararam bombas em direção ao grupo que se concentrava também na frente da Alerj. Pessoas que circulavam pelo Centro, mesmo distantes do protesto, correram para se abrigar em estabelecimentos comerciais, que pouco a pouco fecharam as portas.
A confusão foi interrompida temporariamente após a PM atirar bombas contra manifestantes, mas recomeçou por volta das 16h40. O confronto opunha jovens mascarados a policiais militares e agentes da Força Nacional de Segurança. Enquanto os mascarados incendiavam lixo, faziam barricadas e atiravam pedras, os agentes de segurança revidavam com bombas de gás e tiros de balas de borracha.
>> Ajuste fiscal – O aumento da contribuição previdenciária de servidores é uma das condições para que o Estado do Rio se adeque ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), sancionado na semana passada pelo presidente Michel Temer. Elaborado pelo governo no fim do ano passado, a medida integra uma série de projetos de corte de custos e aumento de receitas do Estado, conjunto que foi chamado de “pacote de maldades”.
Terça-feira (23), o governo de Luiz Fernando Pezão conseguiu aprovar na Alerj um projeto que amplia até o fim de 2018 o prazo do decreto de calamidade pública nas finanças estaduais. A medida permite que o governo descumpra o limite de endividamento e de gastos com pessoal.
Para a oposição, a extensão do prazo de vigência do decreto de calamidade seria uma estratégia para tentar evitar pedidos de impeachment de Pezão por descumprimento da LRF, em processos análogos ao do impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff. (AE)

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