Torquato toma posse e não descarta mudança no comando da Polícia Federal

Em sua primeira entrevista, novo ministro da Justiça disse que Lava Jato “não depende de pessoas”. “É um programa de Estado)
ABr

Em sua primeira entrevista coletiva, ontem, o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, não descartou a possibilidade de troca no comando da Polícia Federal. Apesar de não ser assertivo nas respostas, Torquato disse que adotará o mesmo procedimento que adotou no Ministério da Transparência: “Passei dois meses estudando o ministério. Responderei daqui a dois, três meses, quando analisar melhor o quadro.”
Há grande expectativa sobre a possível troca do diretor da PF, Leandro Daiello, em função do andamento das investigações da Lava Jato. Interpretações dão conta de que uma mudança no comando agora poderia prejudicar o andamento da operação.
Torquato Jardim afirmou que o fato de Leandro Daiello estar no cargo desde 2011 não influenciará a decisão sobre a continuidade dele na função. Segundo o ministro, a antiguidade “não é fato relevante na análise que vamos fazer”.
Questionado se descartaria a troca na PF, o ministro disse que “o mundo não é maniqueísta”. Segundo Torquato, uma eventual troca no comando da PF não significaria um freio à Lava Jato. “A Lava Jato é um programa de Estado, não é coisa de governo, nem do Ministério Público. O Brasil é institucional, não é personalista. Seja quem for, na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, o programa continuará. Ele não depende de pessoas”, completou.
O ministro acrescentou ainda que, nesta sexta-feira (2), viajará com Daiello para Porto Alegre, onde participará da posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul. “Ida e volta são quatro horas de conversa. Acho que vai dar para aprender alguma coisa com o diretor da Polícia Federal”, disse.
Torquato rechaçou qualquer restrição à Operação Lava Jato, que investiga, entre outros, o próprio presidente Michel Temer, ministros e parlamentares da base governista. “A Lava Jato é oportunidade única de se construir uma nova ética pública. É um programa de Estado. Não é coisa de governo, uma vontade de Estado, da sociedade brasileira”, afirmou.
O novo ministro da Justiça também negou que sua escolha para a pasta tenha sido influenciada pelo fato de ele ser ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde a cassação da chapa Dilma-Temer está em julgamento. “Se eu tivesse todo o prestígio que a imprensa me atribuiu, eu não assumiria o Ministério da Justiça, eu voltaria para o escritório de advocacia. Se quisesse praticar algum ato nas sombras, eu continuaria no Ministério da Transparência, não no da Justiça, até porque metade de vocês nem sabe onde é o Ministério da Transparência. Não tem qualquer fundamento isso”, disse.
Torquato Jardim também comentou sobre a recente redução no orçamento da Polícia Federal. “Isso faz parte da avaliação que vou fazer, dos meios e mecanismos que vou fazer. O esforço será prover a Polícia Federal tanto quanto possível em relação ao financiamento. O compromisso é que a Polícia Federal tenha, na medida do espaço possível do orçamento, os melhores equipamentos.”

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