Dois seguranças são mortos a tiros e um fica ferido no Arco Metropolitano

Um vigilante acabou sendo morto no local. Outro foi socorrido, mas não resistiu. Um deles ficou ferido e sobreviveu. Caminhão com a carga não foi roubado
Fotos: Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

O Arco Metropolitano mostrou mais uma vez porque é considerado uma das vias mais perigosas do estado com índice alto de roubos de cargas. Seguranças que faziam a escolta de uma carga de cigarros foram atacados a tiros por criminosos armados, na manhã de ontem, na altura da comunidade do Guandu, em Engenheiro Pedreira, Japeri. Um dos vigilantes, Jones de Souza e Silva, de 28 anos, morreu no local e outros dois foram socorridos para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse). Benedito Charles da Silva, de 46, chegou a ser atendido, mas não resistiu e morreu vítima de disparos na cabeça, tórax e mão.
De acordo com o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse), o outro vigilante que deu entrada na unidade, Reginaldo dos Santos Aragão, de 31 anos, teve ferimento na cabeça, costas e na mão direita. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e seu estado de saúde é considerado estável.
O ataque ocorreu por volta das 9h20, na pista sentido Rio da rodovia, por assaltantes fortemente armados. Policiais do 24º BPM (Queimados), 15º BPM (Duque de Caxias), 39º BPM (Belford Roxo) e do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) faziam uma operação no Guandu para localizar os criminosos e recuperar a carga de cigarros, que foi roubada. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) vai investigar o crime.
No momento do crime, o soldado do 22ª BPM (Maré), Luiz Carlos, passava pelo local enquanto estava indo para Itaguaí comprar camarão para pescar. Ele chegou a prestar ajuda para os seguranças da escolta armada, entrando no meio do confronto com os suspeitos que abandonaram um dos três veículos usados no ataque. “O vigilante que estava no banco de trás me passou a escopeta dele, o que me facilitou a dar cobertura, eu vi quatro bandidos no Honda branco, infelizmente eles conseguiram fugir, um dos seguranças do banco da frente ficou agonizando e chamando pelo nome da esposa dele enquanto morria. Eu costumo passar sempre por aqui e constantemente acontece esse tipo de crime a roubo de cargas”, afirmou.
Agentes da Polícia militar ainda disseram que os suspeitos conseguiram levar a carga avaliada em R$ 40 mil reais e que os acusados fugiram com facilidade durante a ação, pois já havia outro veículo que os esperava em uma rua transversal em baixo do viaduto para guardar a carga e fugirem do local.
Em nota, a Souza Cruz destacou que o roubo de carga é uma prática crescente no estado e citou que, em 2016, houve um crescimento de 37% nas ocorrências desse tipo de crime, se comparado com 2015. “No total, foram quase 10 mil ocorrências. Esse é um problema de segurança pública, que demanda profundo envolvimento do Estado para o controle e resolução da questão”, completou. A companhia informou que 40 caixas de cigarro foram roubadas, mas ainda não há informações sobre o valor do prejuízo.
A empresa reforçou que busca alternativas para reduzir a “ostensividade de escoltas armadas na operação”. “A Souza Cruz investe significativamente em segurança e treinamento para seus colaboradores e apoia prioridades para a solução desta questão, como agravamento penal do roubo e receptação de carga, suspensão do CNPJ das empresas envolvidas na receptação e criminalização do uso de bloqueadores de sinal”, acrescentou.
Há pouco mais de três meses, um vigilante da mesma empresa foi morto com um tiro na cabeça ao tentar impedir um roubo de carga no Arco Metropolitano, na mesma altura, na Favela do Guandu. Yago Aguiar Sant’anna, de 24 anos, também escoltava um caminhão que transportava cigarros, quando pelo menos dez bandidos armados com fuzis e pistolas cercaram o veículo. Os seguranças reagiram, e houve confronto. A via ficou fechada nos dois sentidos por cerca de uma hora. Os ladrões conseguiram fugir. A carga de cigarros da Souza Cruz, avaliada em mais de R$ 1 milhão, foi abandonada e recuperada pela polícia.
A Souza Cruz informa ainda que nos últimos cinco anos a quantidade de assaltos a cargas da empresa em todo o estado do Rio subiu 127% – comparativamente, a média Brasil, nesse mesmo período, foi de 21% .
“É um número muito preocupante. O impacto financeiro destas ocorrências, só em 2016, foi da ordem de R$ 20 milhões”, explica Giovanni Oliveira, gerente nacional de Operações da Souza Cruz.
Outra preocupação da Souza Cruz diz respeito à punição dos diferentes perfis de infratores desta modalidade criminosa: “Na nossa legislação municipal, o intermediário do roubo de carga não é preso, mas apenas aquele que rouba a carga, o que acaba por não inibir, e às vezes até incentivar, esta prática criminosa. Se o comerciante que vende carga roubada corresse o risco de perder, por exemplo, o alvará de funcionamento, ele seria mais consciente”.

error: Conteúdo protegido !!