Um lugar para todos

*Carlos B. González Pecotche

O último lustro transcorrido, durante o qual tiveram de ser lamentadas as terríveis consequências do recente conflito bélico, foi, por outra parte, exuberante em motivos, circunstâncias e fatos sobre os quais poderão ser feitos profundos e amplos estudos, que indubitavelmente servirão – pois para isto deverão tender – ao melhoramento integral da espécie humana, e que a protegerão contra o mal, nas múltiplas formas em que este se manifesta.
Parece mentira, por tratar-se de algo inconcebível, que, sendo a natureza tão pródiga e a terra tão vasta, ainda não tenha sido possível encontrar um lugar onde cada homem possa viver sem necessidade de disputá-lo constantemente com outros, por não se ter achado até hoje a forma de garantir, mediante rígidas leis humanas, a ordem, a justiça, o direito e a liberdade de cada indivíduo e, por conseguinte, de todos os povos que habitam e constituem o mundo.
O contraste que existe entre a vida do campo e a da cidade parece querer indicar que, quanto mais o ser humano se afasta do contato com a natureza, mais se artificializa e automatiza, perdendo, assim, grande parte de seu aprumo e generosidade. Daí que seja dado ver, muitas vezes, até onde chegam o egoísmo e os pensamentos com marcantes matizes de violência, que caracterizam a intolerância.
Se cada um buscasse seu lugar para viver no mundo e se achasse tão feliz de ocupá-lo quanto de ver os demais ocupando felizes os seus, a vida se tornaria plácida e grata para todos; mas bem vemos, por toda a parte, claros indícios da comoção que hoje os homens experimentam, por querer mais do que lhes corresponde, ou por pretender ser mais do que na realidade são. Diante desse quadro de incompreensão humana, diríamos que haverão de estilhaçar-se todos os esforços em prol de um aperfeiçoamento in crescendo das leis e das instituições; entretanto, não é assim, visto que, à medida que se criam as dificuldades, surge a exigência de soluções que o homem deve buscar por todos os meios a seu alcance, a fim de fazer frente às consequências de seus erros ou desvios. Isso propiciará a sustentação de novas formas que conferem as necessárias defesas para o gênero humano, em sua condição de seres superiores a todos os que habitam o orbe. Dessa maneira, chegará o dia em que poderá haver um lugar para cada um na terra, sem que deva ser disputado pelo semelhante.
O advento dessa era se dará quando o homem souber compreender qual é seu lugar no meio em que vive, na sociedade que integra e, enfim, dentro do próprio mundo onde cada ser, sem perigo de se equivocar, haverá de alcançar a consciência da posição que lhe cabe assumir.

*Autor da Logosofia – Carlos B. González Pecotche. Centro de Difusão e Informação de Logosofia de Nova Iguaçu

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