População faz protesto por maternidade em Queimados

A Maternidade Bom Pastor, no Centro de Queimados, foi fechada há três anos. Desde então, gestantes têm seus filhos em outras cidades
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Um pequeno grupo de manifestantes se reuniu em frente à Maternidade Bom Pastor, no Centro de Queimados, para protestar contra o fechamento da unidade, que completou ontem três anos. Com bolo e refrigerante, eles ironizaram o aniversário e pediram a reabertura do local.
Apesar da importância da causa, poucas foram as gestantes que participaram do ato. Uma delas foi Simone Carvalho, 33 anos, grávida de sete meses. Ela lamenta o fechamento da unidade e diz que deverá ter seu filho no Centro do Rio de Janeiro.
“Sem uma maternidade em Queimados a opção mais próxima seria a Mariana Bulhões, mas lá nem pensar. Tenho amigas que fizeram o parto lá e que me aconselharam a não ir para lá, pois o movimento é muito grande, atrasando o atendimento”, relata Simone.
Marília Oliveira, 45 anos, conta que cinco de seus sete filhos nasceram na Maternidade Bom Bastor. Os outros nasceram em Nova Iguaçu (Mariana Bulhões) e Mesquita (Hospital da Mãe). Já Mariana Herculano Nascimento, 58 anos, tem nove netos, todos eles nascidos em Queimados. “É uma tristeza muito grande ver a maternidade fechada”, disse a avó.
Organizador do ato de ontem, Wellington Frazão lembrou a importância da Maternidade para as gestantes da cidade. “É uma causa justa, uma necessidade social. As grávidas têm que peregrinar até municípios vizinhos para ter ser filhos.”

Manifestação teria relações políticas

Um pequeno grupo se reuniu em frente a unidade

Embora a reabertura da maternidade seja uma pauta importante para as gestantes de Queimados, há informações de que o protesto de ontem tenha cunho político. Segundo um funcionário da prefeitura, que pediu anonimato, o organizador Wellington Frazão é ligado ao deputado estadual Zaqueu Teixeira (PDT), derrotado por Carlos Vilela (PMDB) na eleição para prefeito, no ano passado.
“Ele é nomeado no Detran e assessor do Zaqueu. E estava participando de uma manifestação política em horário de expediente quando deveria estar trabalhando no Detran ou então no gabinete do deputado”, disse a fonte.
Frazão admitiu trabalhar no Detran, mas explicou que era seu dia de folga. “Planejei e organizei o ato junto com amigos. Eles são sim pessoas ligadas à política, mas independentemente disso, a causa continua sendo justa. Não tivemos vereadores, deputados e nem prefeito na manifestação, apenas a população”, defendeu-se o organizador do ato.

Prefeitura quer reabrir unidade

A Maternidade Bom Pastor era uma unidade particular e conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ela foi fechada pelos antigos donos em 8 de junho de 2014, por falta de condições de mantê-la aberta devido aos altos custos e a defasagem da tabela do SUS. Segundo a Prefeitura de Queimados, a antiga gestão desapropriou o imóvel, depositou a primeira parcela em juízo e obteve a imissão de posse. Em seguida, foi feito um projeto de reforma, modernização e ampliação do prédio.
Sem verba para tirar o projeto do papel, a Prefeitura buscou parceiros. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, se comprometeu por portaria a destinar os recursos para a obra. Porém, de acordo com a nota emitida pela Prefeitura, o valor ainda não foi depositado nos cofres municipais. (resolução número 1466, publicada no Diário Oficial do Estado, de 8 de dezembro de 2016).
“A licitação para a obra foi marcada para o final do último mês e os donos da maternidade entraram com um pedido de perícia para a fixação do valor do total do imóvel que está em fase de desapropriação.  Assim que sair o valor fixado pela perícia que será feita pela justiça, a prefeitura vai poder iniciar a obra. De certo, é a garantia que Queimados terá sua maternidade pública, do povo, minimizando assim uma demanda de toda a região”, diz um trecho da nota oficial.
A Prefeitura também ressaltou que “todas as unidades de saúde básica do município realizam o pré-natal, ou seja, as gestantes têm acompanhamento em Queimados e quando vão ter seus bebês são encaminhadas para maternidades da região, como a unidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu e o Hospital da Mãe, em Mesquita. Já em casos de alto risco, o destino das gestantes encaminhadas é o Hospital da Mulher, em São João de Meriti.”

 

Por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)

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