Delegacia Caxias recebe denúncias anônimas pelo WhatsApp

Um levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) constatou o que na rua todo mundo já sente: a Baixada é a região com os maiores índices de violência do estado. Por aqui também fica a delegacia com o maior volume de atendimentos diários. De acordo com dados da própria 59ª DP (Duque de Caxias), passam, em média, 120 pessoas por dia na unidade. Para dar uma resposta mais rápida na solução dos crimes, a DP está usando o WhatsApp como forma de receber denúncias.

Segundo o estudo da Firjan, Caxias fica em primeiro lugar no ranking das áreas mais perigosas do estado e no de roubo a transeuntes. Também ocupa a segunda posição nos índices de roubo de veículos e de cargas.

Em quatro meses de operação, o canal de comunicação da 59ª DP, através do número 99817-0306, já conseguiu prender dez pessoas e recuperar oito cargas roubadas. Tudo depois de mensagens recebidas pelo aplicativo.

“Foi uma ideia que deu muito certo nos dois anos em que fiquei à frente da delegacia de São Gonçalo (72ª DP). É uma boa alternativa porque à medida em que a população ganha confiança, as denúncias só aumentam”, conta Raíssa Celles, delegada titular da 59ª DP.

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu no início do mês passado quando agentes desenterraram um corpo escondido (que ainda não foi identificado) em uma cova no meio da comunidade do Inferninho, no Jardim Vinte e Cinco de Agosto. Na favela, policiais da delegacia também prenderam três homens apontados como responsáveis por uma boca de fumo. A denúncia também chegou através do WhatsApp.

“O serviço é extremamente restrito. Somente um policial fica com o telefone. Nós recebemos todo o tipo de denúncia e de diversas localidades, inclusive, fora de Caxias. Avaliamos o material e com base no que foi dito montamos as operações. A fonte fica anônima sempre”, afirma Raíssa Celles.

Líder no ranking divulgado pela Firjan, Caxias foi o local que mais registrou ocorrências policiais desde 2013: foram mais de 100 mil. São João de Meriti aparece em 3º lugar, com 88.750 ocorrências. Outras seis cidades da Baixada ocupam as 21 primeiras posições. Em quatro anos, de 2013 a 2017, Belford Roxo registrou mais de 1 mil homicídios. O estudo foi feito para mostrar que com os altos índices de violência as empresas se afastam e procuram investir em outros lugares.

“Sem segurança não há desenvolvimento econômico. A política de segurança do Rio sofreu um retrocesso muito grande. Nós, representantes de empresas, estamos preocupados porque temos perdas grandes nos negócios”, diz Carlos Erane de Aguiar, presidente do Conselho de Defesa e Segurança do Sistema Firjan.

Uma das soluções sugeridas pela federação é a criação de um Cinturão de Segurança Rodoviária Integrada, formado por postos de fiscalização conjunta de órgãos federais e estaduais, em pontos estratégicos das rodovias e portos. Nestes postos poderão funcionar a Polícia Rodoviária Federal, o DNIT e as secretarias estaduais de Segurança Pública e Fazenda.

As bases seriam instaladas em diversos pontos do estado, como em Seropédica, Caxias e Magé. A ideia é que elas fiquem em uma localização estratégica para provocar um uma ruptura no esquema de tráfico de drogas e armas e no contrabando na rota Rio-São Paulo e Rio- Minas Gerais.

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