Causas e consequências da timidez

*Carlos B. González Pecotche

Toda pessoa que carece de rapidez mental e não pode, além disso, expor seus pensamentos com clareza, dificilmente se lhe abrem as portas na vida; nesta vida onde é tão necessário manter ágil o entendimento nas inumeráveis circunstâncias que com frequência devem enfrentar-se. Se é no mundo dos negócios, sabe-se bem quão indispensável é uma mente desperta e uma palavra fácil para encarar as mil situações que não admitem lentidão nem no pensamento nem na palavra, nem na ação.
O mesmo acontece em todas as outras ordens da vida; um pretendente, por exemplo, que vai em busca de um emprego, tem, se não sabe expor seu pensamento com clareza e rapidez, noventa e nove por cento de probabilidades contra, sobre quem sabe fazê-lo melhor; nas funções de governo e, enfim, onde quer que o homem ou a mulher devam desempenhar funções de alguma importância, é igualmente imprescindível essa facilidade na exposição do pensamento.
De que ou de onde provém tal deficiência ou anormalidade? Vejamos: é costume generalizado nos pais, cortar a atitude espontânea dos filhos quando estes sejam na alegria, seja na dor, querem expor o que pensam ou sentem. Comumente manda-se a criança calar a boca, chamando a atenção dela, ou impedindo-o de dizer aquilo que já se sabe que ele vai dizer; menos ainda se é para pedir desculpas de alguma falta cometida. Isso cria um complexo de inferioridade, quer dizer, toma conta da alma infantil uma espécie de timidez e temor à medida que as passagens se repetem e os pensamentos e as palavras vão ficando entrecortadas.
Na juventude, ainda que um pouco atenuante acontecem situações análogas, que os mais ousados conseguem impedir, mas não assim os que foram oprimidos na infância por essa contrariedade.
Tal é o hábito que essa deficiência impõe ao ser, que, em muitos casos já adultos, quando fala o faz como se não necessitasse complementar suas frases, na crença, sem dúvida, de que aqueles que o escutam captam de antemão o que quer expressar. Procura que os demais entendam antecipadamente o pensamento que se resiste a ser pronunciado.
Buscar a forma de eliminar do ser humano essa anomalia psicológica, reeducando seu caráter até alcançar a total liberação da timidez que o oprime, é aplainar o caminho de quantos sofrem as consequências de causas que, alheias ao bom sentir do coração, vão repetindo de geração em geração, sem que se consiga descobrirem que consiste esse mal que tantos desassossegos e desventuras tem causado ao indivíduo.
¬Destaque: “Tal é o hábito que essa deficiência impõe ao ser, que, em muitos casos já adultos, quando fala o faz como se não necessitasse completar suas frases.”

*Autor da Logosofia – Carlos B. González Pecotche. Centro de Difusão e Informação de Logosofia de Nova Iguaçu-CDIL/NI. Rua Paulo Fróes Machado, nº 58, Sala 502. Horário: terças e quintas das 18:00 às 20:00h. Telefone: 27679713 e 21964560246.

error: Conteúdo protegido !!