Rogério demite servidores da Conig e piora o caos do transito

Boa parte das câmeras da Conig não funcionam. O taxista Luis Antônio da Silva Campos, 45, reclama
Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

O sistema de trânsito no município de Nova Iguaçu piora a cada dia e não há expectativa, em curto prazo, para acabar com os constantes engarrafamentos, principalmente nas ruas centrais da cidade e seus principais acessos. O Centro de Operações de Nova Iguaçu (Conig), inaugurado no ano passado, para monitorar as vias públicas e o transito, foi praticamente desativado pelo governo do prefeito Rogerio Lisboa. A equipe do Jornal de Hoje apurou que apenas 28 das 76 câmeras estão em funcionamento.
Sem engenharia e fiscalização de trânsito, capazes de gerenciar o sistema viário, pontos em locais indevidos, além de mais de sete empresas despejando 306 ônibus nas ruas, todos os dias. Estes, juntos a carros de passeios, kombis e vans, congestionam as vias centrais e tornam a vida dos motoristas e transeuntes um verdadeiro inferno. Pelo menos é o que dizem motoristas que circulam no meio da bagunça.
Para o motorista Delcio Roberto Teixeira, 45 anos, o transito continua complicado. “Aquela entrada próxima ao Corpo de Bombeiros, na Avenida Araguaia, é um caos”, reclama. “Por causa do congestionamento, gasto de 30 minutos a uma hora de carro entre o Alto da Posse e o Centro”, completa, acrescentando que não sente a ajuda da Conig.
O taxista Luís Antônio da Silva, 45 anos, também não poupa críticas ao governo de Lisboa. “O trânsito é horrível. Muito carro, muito ônibus e engarrafamento pra todo lado. Os pontos de ônibus na Via Light atrapalham muito. E esse perto do cemitério, aqui na Roberto Silveira, deveriam acabar. Por volta das 17h, é difícil de passar. E os Uber ainda param no meio da rua para embarque de passageiros”, condena. Para ele, as câmeras da Conig “vê tudo, mas não faz nada”.
Hernane Nogueira da Silva, 66, se apresenta como mais uma vítima da bagunça. “Esse trânsito era bom em 1971. Quase não havia carro. Hoje tem ônibus de mais. Eles estacionam na Via Light, próximo ao cruzamento com a rua Nilo Peçanha, e só vai quando enche de passageiro. Isso ajuda provocar retenção”, aponta.
Para o motorista de ônibus Maurício da Silva, 47, a trânsito está cada vez pior. “As câmeras não revolvem nada. Os sinais (semáforos) não ajudam. A engenharia precisa rever o tempo de fechar e abrir em alguns pontos. A cidade continua engarrafada, entre as 16 horas e 19:30 horas”, sugere, reclamando do tempo gasto no trajeto.

Conig pode salvar vidas
Instalado em um velho prédio na Avenida Governador Roberto Silveira, 722, no Centro de Nova Iguaçu, o Centro de Operações entrou em ação no dia 22 de março do ano passado. Com auxílio de 76 câmeras montadas em pontos críticos da cidade, policiais militares e cerca de 50 funcionários, diante de duas gigantescas telas de vídeo wall, de 55 polegadas cada, observavam a vida urbana e o transito da cidade.
O trabalho era integrado a todos os setores do governo, além da Polícia Militar, Bombeiros, Light, Cedae, CEG, Empresas de ônibus e até a Supervia. Segundo um PM, que preferiu não ser identificado, qualquer tipo de socorro era feito com mais rapidez e os índices de crimes foram reduzidos, como assaltos a transeuntes, roubos e furtos de veículos e outros ocorrências. Os pontos mais críticos apontados por ele são as passarelas próximas ao bairro Caonze, ao longo da Rua Bernardino de Melo, às margens da linha férrea.

Violência pode aumentar
Com parte da estrutura da Conig desativada pelo prefeito Rogerio Lisboa, que demitiu os funcionários, a bagunça do trânsito, a falta de segurança pública, podem aumentar. O serralheiro Carlos Roberto de Farias, 46 anos, disse que a violência não tem medo de ninguém. “Nem do homem da capa preta (referindo-se ao juiz de direito) e nem da polícia e, muito menos, câmera. Mas se o bandido sabe que não será visto, ele ataca mais pessoas e a qualquer hora. Peço que Rogerio amplie a quantidade de câmeras na cidade”, sugere.
Segundo a apuração da reportagem, apenas 28 das 76 câmeras estão em funcionamento, porque a empresa responsável pelo sistema, depois de um ano sem receber os R$ 128 mil mensais do contrato, retirou parte importante dos equipamentos. Atualmente, o Governo Lisboa investe apenas R$ 47 mil mensais no sistema Conig.

Sonhos e projetos

A equipe do JH apurou que o prefeito Rogerio Lisboa sonha em mudar radicalmente o sistema viário da cidade para solucionar o problema do trânsito. O projeto retiraria os ônibus do centro e construiria terminais rodoviários em áreas mais afastadas, a exemplo da área Praça Santos Dumont.
A assessoria de imprensa enviou nota informando sobre projetos do governo para melhorar o transito da cidade. Um deles, que já estaria em execução nos bairros, chamado de “Nova Iguaçu Transito Legal”, orienta motoristas sobre as leis de trânsito. Os outros projetos tratam da redistribuição de pontos de ônibus intermunicipais e municipais, para melhorar a mobilidade urbana, e da criação de vários binários (ruas paralelas onde o transito acontece em sistema oposto).
Os trechos seriam a Avenida Abílio Augusto Távora (Estrada de Madureira), Huberto Gentil Barone e Bernardino de Melo; Avenida Roberto Silveira e General Randon; Carlos Marques Rolo e Alexandre Fleming, para melhorar o tráfego pela Avenida Getúlio de Moura; Estrada Luiz Mário da Rocha Lima e a avenida dos Inconfidentes (Austin).E sobre o funcionamento da Conig, a assessoria informou que “o Centro de Operação de Nova Iguaçu está passando por reestruturação”.

 

Por Davi de Castro
davi.castro@jornalhoje.inf.br

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