População de Belford Roxo sofre em busca de atendimento médico

O Hospital do Joca, que deveria ser referência na cidade, está fechado desde 2015. Pacientes que chegam à unidade dão de cara com a porta
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de HojePopulação de Belford Roxo sofre em busca de atendimento médico

Com arranhões no braço direito e ares de quem estava com pressa de ser atendido, Emerson Rebouças, 44 anos, morador de Belford Roxo, chegou ontem, às 10h, ao Hospital Municipal Jorge Julio Costa dos Santos, o Hospital do Joca, e deu de cara na porta. “Só no PAM de Éden (fica em São João de Meriti). Aqui o hospital continua fechado”, orientou o guarda. A saúde de Belford Roxo está doente e esta é a resposta mais ouvida pela maioria das pessoas que procuram uma das 63 unidades de saúde do município.
Fechado desde 2015, a alegação é a de que o Hospital do Joca, na Avenida Retiro da Imprensa, 1013, está sempre em obras de reforma. A unidade, que seria a maior referência em saúde do município, se tornou em um grande sofrimento para a população. “Vou para o hospital de Caxias“, decidiu Emerson, que estava de carro particular.
Quem não tem condições de se deslocar para cidades vizinhas em busca de atendimento, sofre mais, “Belford Roxo não tem saúde. Quem precisa, sofre. Falta pediatra, vacina e teste do pezinho para as crianças. Fui agora com meu filho Pietro, de 2 meses, e nada”, relata Taís Cristina, 24 anos, mãe de outros três filhos – Aila (3), Camile (6) e Ana (8). Nirlândia da Silva Neri, 64, mãe de Tais, com Pietro o colo, acrescenta que “o município não faz cartão do idoso”.

Taís Cristina, a mãe Nirlândia da Silva Neri e o bebê Pietro
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Problemas vão além da saúde
O motorista João Pereira, 52 anos, revela que a UPA de Bom Pastor também está fechada. “Está pra ser inaugurada há dois anos. É triste a situação nos bairros próximos, como Santa Tereza, Wona, Jardim Redentor, Lote XV, Três Setas e outros”, lamenta João, que completa. “Aqui, quem precisar de atendimento na saúde da prefeitura, se não tiver plano de saúde, vai morrer no meio da rua. Nem o hospital e nem os postos funcionam.”
Nas ruas, além de unidades saúde sem atendimento, a população também reclama da precariedade na coleta de lixo, escolas caindo aos pedaços, buracos por todos os lados e transportes.
“Acho isso uma vergonha, morar aqui e buscar atendimento de saúde em Meriti, Nova Iguaçu, Caxias e no Rio. Esse prefeito aí prometeu muita coisa e nada. A saúde piorou.”, revolta-se Sueli Basílio da Costa, 53 anos. “Se o senhor sair pelas ruas perguntando coisas, vai ouvir muita reclamação da saúde, educação e transportes. Na escola Alessandro chove nas salas em cima das crianças. A buraqueira impede o acesso de veículos”, acredita. “No Gogo da Ema e Santa Tereza é assim”, concorda Rosimar Marques, 48.

Prefeito promete regularizar situação até setembro

O prefeito Waguinho (direita) ao lado do secretário de Saúde Silvano Ferreira
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Apesar do prefeito Wagner Carneiro (PMDB), o Waguinho, ter anunciado que a coleta de lixo está regularizada em Belford Roxo, ainda há muita sujeira espalhada pelas ruas da cidade. Na entrada, próximo ao Portal, por exemplo, na Avenida Dr. Carvalhais e do viaduto da Bayer, a poucos metros da prefeitura. Mas, como no dito popular, “promessa é dívida”, o prefeito irá cumprir o que prometeu na campanha eleitoral, quando era candidato. Atribuindo toda a situação dramática de Belford Roxo, inclusive a saúde, ao governo anterior, de quem herdou uma dívida de R$ 500 milhões, Waguinho, acompanhado do secretário de Saúde Silvano Ferreira, recebeu a equipe do Jornal de Hoje e disse o seguinte:
“Data certa, não há. Mas o Hospital do Joca será aberto até o final de setembro. A UPA de Bom Pastor é uma parceria com o estado e será inaugurada em 30 dias. O Hospital Infantil, em 15 dias. O teste do pezinho já começou a ser feito. Tudo estava fechado há três anos. Preciso licitar muita coisa para voltar a funcionar. Herdei R$ 500 milhões de dívidas, sendo R$ 40 milhões só da Saúde. Até final de setembro tudo estará funcionando. Ninguém vai precisar sair daqui para ser atendido em outro município. Os salários, no meu governo, estão em dia. Os salários atrasados do governo passado, parcelei a Educação. Estou pagando. E amanhã (hoje) tenho audiência pública para discutir e acertar o pagamento atrasado dos servidores da Saúde”, resumiu o prefeito.

 

Por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

error: Conteúdo protegido !!