Operador da propina de Sérgio Cabral diz que “grana da corrupção virou transtorno”

Chebar confirmou ter operado o dinheiro da corrupção para o ex-governador, preso em novembro passado, entre 2007 e 2014
Rodrigo Felix / Estadão Conteúdo

O doleiro Renato Chebar afirmou em depoimento ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, ontem, que virou um transtorno operar o montante do dinheiro roubado no esquema de corrupção supostamente comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). “Comecei a não dar conta do serviço. O esquema ficou grandioso para mim”, disse Chebar, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). O doleiro confirmou ter operado para Cabral, preso em novembro do ano passado na Operação Lava Jato, o dinheiro de corrupção no período de 2007 a 2014 – período em que o peemedebista foi governador do Rio.
Chebar afirmou também que fazia pagamentos de boletos de despesas rotineiras da família de Cabral. A uma agência de viagens em Londres, chegou a repassar 200 mil libras pelo peemedebista, em seis pagamentos, segundo relatou ao magistrado.
Segundo ele, antes de Cabral virar governador, a entrada de dinheiro era de cerca de R$ 150 mil mensais. A partir de 2007, passou a variar de R$ 450 mil a até R$ 1 milhão por mês. Chebar informou ainda a Marcelo Bretas que ele recebia dinheiro vivo de operadores de Cabral, em seu escritório no Rio, e convertia o valor em crédito em contas no exterior.
“Neste período, fiquei com medo de guardar aquele dinheiro todo. Como ia transportar com segurança? Eu não tinha um esquema de segurança, carros fortes. Era um esquema muito maior do que eu tinha condição. Não tinha como buscar e andar no Rio com esse dinheiro. Deus me livre… Terceirizei e subcontratei”, disse o operador.
As contas ligadas a Cabral no exterior, segundo o delator, chegaram a ter US$ 120 milhões. A prestação de contas a Cabral acontecia três vezes ao ano, no apartamento do peemedebista no Leblon, na zona sul do Rio. Já a Carlos Miranda, operador de Cabral também preso, as prestações eram três vezes por semana.
Em seu depoimento, Chebar explicou que conheceu Cabral depois que o seu pai casou com uma secretária do ex-governador, em 2000. Foi quando começou a trocar dólares para Cabral viajar com a família para o exterior. Nesse período, o governador teria ficado preocupado com o escândalo do propinoduto, no governo de Rosinha Garotinho, e teria lhe pedido para assumir sua conta no exterior. (Com informações da Agência Estado).

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