Fechamento do Restaurante Popular deixa milhares com fome

Uma faixa ao lado do portão de entrada anuncia o fechamento do restaurante que por 14 anos matou a fome de milhares de pessoas
Davi de Castro/Jornal de Hoje

O último dia 30 de junho foi marcado pela tristeza para mais de mil pessoas de baixa renda e de renda zero em Nova Iguaçu. É que esta data marcou o dia do fechamento do Restaurante Popular, situado na Avenida Governador Roberto Silveira, 950, no Centro. O café da manhã por 50 centavos e o almoço de todos os dias por R$ 2.00 agora faz parte do passado.
O ato do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) pegou de surpresa mais de 37 mil pessoas, com o encerramento das atividades dos 16 restaurantes populares existentes no estado. O de Duque de Caxias, por exemplo, também encerrou suas atividades no dia 30 de junho. O governo alega crise financeira do estado pela falta de pagamento dos funcionários do restaurante, mas os clientes prejudicados apresentam soluções.
Inaugurado no dia 3 de abril de 2003, pelo então governador Anthony Garotinho, o Restaurante Popular Madre Tereza de Calcutá virou uma ‘febre’ em Nova Iguaçu. Logo nas primeiras horas da manhã, com pico às 7h, centenas de pessoas, a maioria idosas, entre elas moradores de rua, formavam uma gigantesca fila no entorno, para usufruir de um bom café da manha ao preço de R$ 0.50 centavos.
E a mesma situação se repetia por volta das 9h, para não perder o almoço de todos os dias, ao preço de R$ 2.00. Nos últimos 14 anos, esta rotina matou a fome de milhares de pessoas, inclusive profissionais liberais e até de quem nem tinha renda tão baixa. No local, bem na fachada do antigo e mal conservado prédio do restaurante, uma velha faixa tremula, marcando a saudosa despedida.
O aposentado Ivani Rodrigues, 70 anos, reclama do fechamento do lugar que todos os dias ‘matava’ sua fome e, com o precinho baixinho, ajudava a economizar. “Costumava almoçar todos os dias. Agora, sem o restaurante popular, tenho de pagar mais de R$ 10,00 para comer. O restaurante era uma economia muito grande para quem ganha salário mínimo”, lamenta.
Walter Oliveira, também de 70 anos, é outro que fala de sua tristeza. “Sempre almocei aqui desde a inauguração. Eu, graça a Deus, posso almoçar na casa de familiares. Mas tenho muitos amigos que não têm onde se alimentar e agora estão passando fome”, entristece.

Clientes apontam soluções

Pedro da Silva sugere que o prefeito Rogerio Lisboa assuma o restaurante
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Pedro da Silva, 71 anos, lembra que nem só pessoas de baixa renda almoçavam no Madre Tereza de Calcutá. Segundo ele, “pessoas de várias classes sociais também almoçavam aqui. Tinha de advogados a gerentes de lojas, e outros”, garante.
O idoso, que também lamenta o fechamento do restaurante, sugere que o prefeito de Nova Iguaçu, Rogerio Lisboa (PR) faça o mesmo que o prefeito do Rio de Janeiro. “O Crivella (Marcelo Crivella, prefeito do município do Rio), assumiu os três restaurantes de lá. Aqui o Rogerio deveria fazer a mesma coisa”, sonha Pedro.
Já o Josias Antônio da Cruz, 63 anos, apresenta outra receita para salvar os restaurantes e abastecer o estômago de milhares de pessoas que precisam. “O governador Pezão deveria confiscar o dinheiro e os bens daqueles políticos e empresários que roubaram os cofres do estado do Rio e pagar as dívidas. Melhor do que meter a mão no bolso do povo, que já foi roubado, aumentando o valor dos impostos e serviços”, sugere.

 

Por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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