*Davi Caldas
As pessoas falam besteiras do cotidiano no Facebook. E qual é o problema disso? Não é o que fazemos pessoalmente também? Existe um pensamento estranho de que tudo o que dizemos deve ser relevante ou útil. Não concordo com isso. A comunicação humana não tem como objetivo apenas repassar informações que mudem a vida dos outros. Eu diria que a principal função da comunicação humana é nos aproximar uns dos outros. Informações relevantes são consequências.
Quando a pessoa que você gosta diz: “Hoje, no trabalho, comi um iogurte muito bom”, isso pode não ter grande relevância para a sua vida. Mas você quer ouvir. E seu interesse nessa minúcia por vezes será tão grande que dali surgirá uma conversa sobre iogurtes, passando para guloseimas, bons lugares que as vendem, experiências pessoais ligadas ao assunto, etc. No fim, você passou uma hora conversando, em meio à piadas, besteiras, compartilhamento de sensações e, talvez, informações relevantes que surgiram ao longo do papo.
Nem toda comunicação precisa ser relevante. Nem tudo o que se faz, diz ou posta precisa ser necessário. O que nos faz humanos é fazer coisas desnecessárias do ponto de vista da sobrevivência. Um desenho, um jogo, um esporte, uma dança, uma poesia, um meme, uma canção. Não fomos feitos só para comer, dormir e se reproduzir. Não fomos feitos só para sobreviver. Fomos feitos para viver. E quem vive não se agarra apenas ao relevante.
Irrelevâncias dão real sentido à vida. Nem tudo precisa ser útil. O utilitarismo não serve para nos fazer plenamente felizes.
*Davi Caldas é estudante de jornalismo.