Policial militar do 20ºBPM é assassinado com tiro na costela em Nova Iguaçu

O soldado Fabiano de Brito e Silva foi morto na Rua Dona Clara de Araújo, no bairro Jardim Tropical, em Nova Iguaçu. Farid Assed (amigo do PM) criticou o Governador
Fotos: Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

Há pouco mais de dois meses, o soldado Fabiano de Brito e Silva, de 35 anos, era premiado como um dos melhores policiais militares do 20ºBPM (Mesquita). Mas ontem (21), ele teve sua carreira na polícia interrompida por um tiro na costela, na Rua Dona Clara de Araújo, no bairro de Jardim Tropical, em Nova Iguaçu. Ele saía de casa quando foi baleado. Imagens de câmeras de segurança da região mostram o momento em que o PM tenta se esconder atrás do carro e ainda atira contra os criminosos. O soldado, que deixa mulher e três filhos, é o 90° policial morto no Rio só esse ano.
O tiro que atingiu o soldado teria partido de um fuzil calibre 45. Só este ano, o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse) recebeu 401 pessoas baleadas, entre criminosos, civis e policiais; uma média de dois baleados por dia.
O PM, que estava fardado, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital da Posse, onde já chegou morto. Segundo parentes do policial, Fabiano era evangélico e só pensava em “família, trabalho e igreja”.
De acordo com informações de pessoas próximas, dois empresários que contratavam o PM para fazer a segurança de suas esposas, Fabiano era “o número um do batalhão”. Fabiano era tão dedicado ao trabalho, que durante um passeio a Miami, ele prendeu um bandido. O soldado também era considerado uma verdadeira ameaça aos traficantes da região. A última grande operação que ele participou foi há dois dias, quando o policial prendeu o traficante Playboy, na Coreia, em Mesquita.
Também há informações de que ele recebia ameaça de morte praticamente todos os dias. O policial estava há 2 anos e meio no 20° BPM e já contabilizava mais de 120 prisões. Segundo informações preliminares, dois bandidos em uma moto abordaram Fabiano e teriam dito: “sai, sai, sai”. O militar que estava em seu carro um Hond Fit, teve a arma levada pelos criminosos. Além de ser policial, Fabiano também mantinha um negócio de dedetização. Amigo do PM e empresário, Farid Assed, criticou duramente a falta de segurança e lamentou a morte de Fabiano. “Noventa policiais mortos em sete meses. Mortos em uma guerra civil. Esse número é saldo de guerra. Hoje, temos mais uma viúva desesperada, mais uma viúva sem auxílio do governo, enquanto o senhor governador Pezão está lá em Penedo, no spa, garantindo a sua saúde. Quem está hoje fardado virou um alvo”, disse revoltado. Ainda de acordo com Farid, o PM era constantemente ameaçado. “Ele recebia ameaça todo dia. Era o único que prendia traficante, encarava o tráfico”, lembrou.
O corpo já foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Até o momento, nenhum suspeito foi preso. Fabiano estava na corporação desde 2014 e deixa uma esposa Nataline e três filhas: uma de 18, outra de 13 e uma menina de 5. O enterro será neste sábado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. No entanto, a família ainda não sabe o horário.
Em nota, a Polícia Civil disse que agentes procuram testemunhas e imagens de câmeras de segurança instaladas na região onde ocorreu o fato para tentar identificar os criminosos.
No início da semana, o cabo Bruno Santos de Azevedo, de 29 anos, foi atingido na cabeça e não resistiu durante a troca de turno na comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio. Bruno estava na Polícia Militar há seis anos e tinha pedido transferência do Complexo do Alemão, onde trabalhava, porque estava com medo da violência. Na segunda (17) pela manhã, quando foi baleado, era o seu primeiro dia de trabalho na UPP da Mangueira.
No mesmo dia à noite, o PM Thiago Marzula de Abreu, 30 anos, fazia um patrulhamento na comunidade da Dita, que fica no bairro de Alcântara, em São Gonçalo, quando levou um tiro na cabeça.
O outro caso recente foi no dia 14. O PM Cléber de Castro Xavier Júnior foi morto em uma tentativa de assalto, quando estava de folga.
“Não há exigência regulamentar dizendo que o policial deve se deslocar de sua residência para o quartel, se ele fez foi opção dele. era um policial vibrador, mas no cenário de crise que passa a segurança pública do Rio, não é recomendável ir fardado. É uma questão de preservação de sua integridade física. No passado se podia fazer isso. Os dias não eram assim”, comentou o coronel Paulo César Lopes, considerado ‘linha dura’.

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