Manifestação teve pouca adesão de população e familiares de PMs mortos

O protesto contra a morte de policiais teve pouca adesão. Marcelo Júnior, de 10 anos, filho do vereador Marcelo Lage, sonha ser policial
Fotos: Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

Cerca de 50 pessoas participaram na manhã de ontem de um ato contra a morte de policiais militares no Rio. O protesto aconteceu no Paço Municipal de Nova Iguaçu e contou com poucos familiares de PMs. Segundo dados da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, dos 91 policiais mortos no estado em 2017, 27 foram assassinados na Baixada Fluminense, o que representa 30% do total de vítimas. O número superou o total de militares vítimas de criminosos na região em todo o ano de 2016. No ano passado, foram 22 mortos.
Participaram do encontro, o coronel Penteado, secretário de Segurança de Nova Iguaçu, o vereador do município Marcelo Lajes e sua esposa Andri Mothe, e o filho do casal, Marcelo Júnior, de 10 anos, que estava vestido com a farda da PM, o também vereador da cidade, Carlinhos BNH, que fez duras críticas ao antigo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Ele pediu a extinção das UPPs. “Perdi as contas de quantos colegas enterrei. Quantas vezes ouvi: tio, cadê meu pai? Desanima a gente o que estão fazendo com a nossa polícia. O maior culpado disto tudo se chama José Mariano Beltrame, que nos tirou do asfalto. Poucos policiais em UPPs. É uma vergonha! O governo é covarde. Queria saber se o governador teria coragem de acabar com UPPs. Brito era meu grande amigo. Policial vai para rua desanimado. A tropa vai para rua com colete vencido. A população tem culpa nisso. O viciado é que sustenta essas mortes. É o país da sacanagem”, disse o vereador Carlinhos BNH.
Familiares do soldado Fabiano de Brito e Silva, de 35 anos, assassinado a tiros no último dia 21, na Baixada Fluminense, estiveram presentes no ato. Uma praça do bairro K-11 terá o nome do soldado Brito. “O Fabiano sempre foi homem de caráter e que ajudava a todos. Isso (morte de PMs) é um massacre em massa. A estatística só aumenta. Somos evangélicos, mas a morte dele foi bruta. Todos sofrem. É mais uma família desamparada. O Governo precisa tomar vergonha na cara. Há mais marginalidade e pessoas desprotegidas. A PM está sendo massacrada”, lamentou Valéria Netes, comadre do sargento Brito.
A pouca adesão da população e de familiares de policiais militares assassinados no Rio preocupou o fundador da ONG ComCausa, Adriano Dias. “Me estranhou a pouca adesão inclusive dos familiares dos policiais considerando que só da Baixada são 27 dos 91 PMs mortos. Acredito em dois elementos: por um lado o medo, pois nós aqui estamos muito mais expostos a retaliações tanto da bandidagem, quanto dos comandos das polícias sobre seus praças. Por outro lado parece que a população da Baixada perdeu a capacidade de reivindicar. O que é triste considerando o colapso da segurança pública que está impactando diretamente as pessoas desta região”, observou.

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