TRE cassa mandato de Daniele Guerreiro

Além de perder mandato, Daniele fica inelegível por oito anos, assim como o marido Gelsinho Guerreiro

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou por unanimidade (6 a 0) ontem o mandato da deputada estadual Daniele Guerreiro (PMDB) e também a impediu de disputar eleições por oito anos. A sentença da desembargadora Jaqueline Lima Montenegro, presidente do órgão e relatora do processo, condenou ainda Gelsinho Guerreiro, ex-prefeito de Mesquita e marido da deputada, a oito anos de inelegibilidade.
A deputada e seu marido foram julgados por várias irregularidades na campanha eleitoral de 2014, quando Gelsinho, também conhecido como GG, era prefeito de Mesquita e teria atuado escancaradamente para eleger a esposa, uma dona de casa que obteve 55.821 votos e que não gostava de política, não queria ser candidata, mas teria sido obrigada pelo seu destemido marido prefeito.
>>Campanha milionária
O município de Mesquita assistiu naquela ocasião a campanha eleitoral mais milionária da história da Baixada Fluminense, com uma gigantesca frota de veículos, padronizados na cor rosa, dirigido por mulheres em sua maioria. Os funcionários de campanha atuavam uniformizados e em número que chamava a atenção da população nas ruas. As placas e demais propagandas de campanha pareciam ser em grande volume, já que a cidade ficou completamente enfeitada com o material de Daniele. Não escapou postes ou árvores, muros e calçadas. Enfim, para onde se olhava na cidade, só se via, predominantemente, o nome de Daniele.
Tudo isso corria livremente, até que uma denúncia anônima levou a fiscalização do TRE a dar uma “batida” no galpão de campanha e flagrou inúmeras irregularidades: placas sem controle de tiragem, vales combustível, planilha de pagamento de motoristas, três trios elétricos, duas kombis, 10 computadores, 17 caixas de fogos, documentos de 64 carros alugados e uma empresa de hortifrutigranjeiros e 60 pessoas que seriam nomeadas na prefeitura para atuar na campanha.
>>Os dois inelegíveis
Considerado na época como o maior crime eleitoral encontrado no estado pelo TRE, a ato gerou o processo nº 8069-96.2014.6.19.0000,em 12 de dezembro de 2014, por ação proposta por Waltinho Paixão (Pros), atualmente vice-prefeito de Mesquita. A ação, que já estava a caminho do arquivo em Brasília, foi resgatada e entrou na pauta de julgamento, quando Daniele e seu marido perderam de 5 a 0. Como o jurista pediu “vistas” ao processo, ele só voltou ontem para a sessão. O Dr. Viveiros de Castro, que acompanhou todo processo, disse ontem, que a deputada perdeu por unanimidade (6 a 0) e seu marido, Gelsinho, por 5 a 1.
Na sentença, ela fica sem mandato e inelegível por oito anos, assim como seu marido, por igual período. A situação de Gelsinho ainda piora, se a Câmara de vereadores de Mesquita rejeitar as contas do seu governo, como se comenta pelos bastidores do legislativo. Mas Daniele ainda pode recorrer da perda do mandato no TSE, em Brasília, assim como Gelsinho. Uma fonte do TRE disse, porém, que o TSE costuma referendar decisões do TRE no Rio.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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