*Pedro Luiz Rodrigues

Em termos políticos não me parece salutar para o Brasil que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja prontamente levado a julgamento em segunda instância, por tribunal que muito provavelmente convalidaria a sentença de prisão (de nove anos e meio, em regime fechado) que contra ele prolatou o juiz federal Sérgio Moro no dia 12 de julho.
Obviamente, bandidos em geral e políticos corruptos em particular, de qualquer plumagem, merecem pronto julgamento e imediata execução da sentença. Mas já que nesse caso específico ao condenado foi aberta a possibilidade de recorrer em liberdade, ouso considerar que talvez a decisão recursal pudesse demorar um pouco mais do que a média de recursos similares, que é de 342 dias.
Estou convencido de que Lula deveria disputar as eleições presidenciais de 2018. Se ele fosse logo para a cadeia, as agremiações de esquerda não desperdiçariam a oportunidade de convertê-lo em mártir, e para sempre se instalaria no cenário político do País um insuportável chororô, articulado pelas carpideiras (e carpideiros) de sempre, incansáveis em reverenciar as qualidades do líder condenado por ladroagem.
Se for para as urnas, não tenho dúvida de que o milionário ex-dirigente sindical será pura e simplesmente derrotado por conta de suas fraquezas e deficiências. Só acreditarão nele e nele votarão, no máximo, os 30% dos leitores que sempre o idolatraram. Sairá, assim, da vida política da maneira como os maus políticos e maus líderes devem sair, escorraçados pelo voto do povo. Depois, então, poderia ser rejulgado e, se for o caso, tomar seu assento na Papuda.
Lula e o Partido dos Trabalhadores tiveram uma grande oportunidade em 2002, quando unindo uma imagem de seriedade com a promessa escrita de que atuariam com sabedoria e bom-senso, reuniram a maioria da sociedade em torno de suas bandeiras.
Mas jogaram fora essa chance, e as bandeiras, logo se viu, não passavam de uma encenação oportunista para se assenhorarem do poder, lançando mão do mesmo tipo de populismo que está conduzindo ao caos a vizinha Venezuela.
Na verdade, ao longo dos anos o que fez o partido foi juntar sua extraordinária incompetência administrativa, com incúria e elevado nível de patifaria em todos os níveis, inclusive no da política externa. Foi o que levou o País à situação lamentável em que se encontra hoje. O povo sabe disso e dará seu veredito em outubro do ano que vem.

*Pedro Luiz Rodrigues – jornalista e ex-porta-voz do Governo Fernando Collor de Mello.