Sequestro na Avenida Brasil desperta medo e indignação de caminhoneiro

Após quase três horas de tensão, o bandido que mantinha como refém um motorista de caminhão que transportava produtos de uma empresa de alimentos congelados, na Avenida Brasil, altura da Vila Militar, em Deodoro, decidiu se entregar, já na madrugada desta segunda-feira. A negociação entre os policiais e Emerson Miranda, de 19 anos, foi longa, mas terminou sem mortes ou ferimentos graves.

O caminhoneiro, que trabalha para a transportadora mineira Coopertral e foi identificado como Antônio Euclides Ribeiro, de 36 anos, acabou atingido por um estilhaço de bala na coxa esquerda e estilhaços de vidro no braço, e, após ser libertado, foi encaminhado para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Já o sequestrador foi baleado na perna e também encaminhado à unidade de saúde. Após receber cuidados médicos, o bandido, que só aceitou se entregar depois da chegada da mãe, Fabiana dos Santos, foi levado à Cidade da Polícia, no Jacarezinho.

O caminhão foi rendido pelos bandidos na altura do bairro da Penha. Pouco depois, um taxista informou a PMs da região sobre a tentativa de roubo ao caminhão da Pif Paf. A perseguição, que começou com a PM e contou reforço do Batalhão de Operações Especiais (Bope), terminou com troca de tiros.

Vários pneus do veículo foram furados pelos policiais na Avenida Brasil, na altura de Deodoro, onde o bandido sequestrou o caminhoneiro e o manteve como refém. Durante a troca de tiros dos bandidos com a PM, Antônio Euclides acabou atingido por um estilhaço de bala na perna e por estilhaços de vidro na mão. Apesar do susto, o caminhonheiro sofreu ferimentos leves e prestou depoimento na Central de Garantias da Cidade da Polícia

De acordo com a assessoria da Polícia Militar, o caminhão de alimentos congelados foi roubado na BR-040 (Rodovia Washington Luiz). Ao serem interceptados pela polícia, os criminosos entraram na Avenida Brasil.

Durante a perseguição, a maioria dos bandidos conseguiu fugir, mas Emerson, cercado, fez o caminhoneiro refém. Uma equipe do Bope foi acionada e negociou a rendição do sequestrador, que exigia a presença da mãe para se entregar. Fabiana Garcia dos Santos estava em casa quando foi contactada pela polícia. Ela chegou ao local do crime às pressas e pediu para que o filho baixasse a arma apontada para a cabeça de Antônio Euclides. Emerson, então, aceitou finalmente se entregar. O sequestrador não carregava nenhum documento de identificação ao ser levado até à delegacia.

Morador de Visconde de Rio Branco, em Minas Gerais, e pai de dois filhos, o caminhoneiro Antonio Euclides Ribeiro não está acostumado a dirigir no Rio de Janeiro. Motorista cooperado da transportadora Coopertral, ele calcula que tenha vindo ao estado pela terceira vez na vida, e não esconde o medo que sente todas as vezes que é escalado para algum trabalho na capital fluminense.

Há 10 anos, o caminhoneiro rodava apenas dentro do próprio estado, mas desde que se tornou cooperado e passou a dirigir carretas – caminhões de grande porte e mais modernos – a rotina de trabalho mudou. Ao mesmo que passou a ganhar melhor pelo transporte de maiores distâncias e com cargas mais valiosas, o temor pela própria segurança cresceu. Na noite deste domingo, durante o sequestro na Avenida Brasil, ele só pensava na família em Minas e em manter a calma.

“Ele, o bandido, estava mais nervoso do que eu. Quando ele apontou a arma para a minha cabeça, só tentei não ter nenhuma reação, pois estava com muito dele se descontrolar e acabar atirando. Mantive a fé em Deus e pensei muito na minha família, nos meus dois filhos. Essa profissão é cada vez mais perigosa. Se eu tivesse minha própria carreta, nunca viria para cá. De todos os estados que já fui, aqui com certeza é o mais perigoso”, conta.

Sentado em um dos bancos da Central de Garantias da Cidade da Polícia, o caminhoneiro demonstrava tranquilidade ao falar sobre os detalhes do sequestro. Embora tenha sido atacado por um grupo de assaltantes, Antonio só conseguiu ver de Emerson, que entrou no caminhão e o manteve como refém por quase três horas. Após o desfecho do sequestro e o atendimento no Hospital municipal Albert Schweitzer, o caminhoneiro entrou em contato com os irmãos para falar sobre o sequestro.

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