Após depoimento de Pessoa, TCU fará reunião para resguardar imagem

Ricardo Pessoa mirou sua metralhadora na direção do TCU, após a corte dar um aperto nas contas de Dilma Rousseff

Ricardo Pessoa mirou sua metralhadora na direção do TCU, após a corte dar um aperto nas contas de Dilma Rousseff

O Tribunal de Contas da União (TCU) informou que fará reunião nesta terça-feira (30), em busca de providências para “resguardar sua imagem”, diante de suspeitas lançadas pelo empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, em depoimentos prestados em regime de delação premiada. Nas oitivas à Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Operação Lava Jato, Pessoa mencionou pagamentos de R$ 50 mil mensais ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU Aroldo Cedraz, para obter informações de seu interesse na corte. Em um caso que discutia obras de valor bilionário na usina de Angra 3, o escritório dele teria negociado R$ 1 milhão com a UTC.
Processos em tramitação na corte, sob relatoria do ministro Raimundo Carreiro, discutiram irregularidades na licitação e no orçamento do empreendimento. Nesses casos, após recomendar correções, o plenário da corte autorizou a continuidade das obras, seguindo o entendimento de Carreiro. O consórcio Una 3, integrado pela UTC e outras empreiteiras investigadas na Lava Jato, assinou contrato com a Eletronuclear para fazer a montagem eletromecânica de Angra 3 no ano passado.
O TCU classificou de “irresponsável a utilização” da versão de Pessoa. Em nota ao jornal O Estado de S.Paulo, justificou “que durante meses, conforme noticiado pela própria imprensa”, ele “tenta ‘construir’ uma delação recheada de autoridades para atenuar os ilícitos dos quais é réu confesso, sem nenhum respaldo de prova ou documento”.
O Tribunal de Contas informou ainda que, segundo os relatos na imprensa, o empresário não confirma nenhum tipo de pagamento ao ministro Raimundo Carreiro, que relatou alguns processos de Angra 3. Ainda assim, a notícia da delação premiada do empresário, conforme já decidido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), não serve como meio de prova. Portanto, a higidez da conduta do ministro Carreiro, julgador respeitado com mais de 40 anos de serviço publico, sem uma mácula sequer em seu currículo, permanece incólume”, defendeu a corte.
Na nota, o TCU reiterou que o ministro Aroldo Cedraz se declara impedido nos casos em que o escritório do filho atua. Esses impedimentos, segundo a corte, “decorrem da lista apresentada ao tribunal pelo advogado Tiago ou pela solicitação feita pelo mesmo diretamente à Secretaria de Sessões do tribunal”.
O TCU justificou que, ao apresentar ao tribunal a listagem dos advogados de seu escritório para que o impedimento seja verificado de imediato, Tiago busca facilitar a identificação dos casos. “Além do procedimento acima, o advogado possui o costume de informar acerca dos casos que, embora ainda não patrocine, encontre-se em via de ingressar como patrono”, acrescentou. Segundo o tribunal, os procedimentos são uma “exigência” de Cedraz para o filho, o que denotaria “o zelo e a correção do ministro no apontamento dos seus impedimentos e suspeições”.

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