Deputado tatuado de Temer é acusado de assédio

Deputado paraense Wladimir Costa disse que não falou ‘eu fico pelado’ para jornalista da CBN
Reprodução / Facebook

O PSB entrou nesta quarta-feira, 9, com uma representação contra o deputado Wladimir Costa (SD-PA) no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar, após suposto assédio contra uma jornalista. A ação foi encampada pelo deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Costa ganhou destaque nacional após declarar que votaria contra a denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer e exibir uma tatuagem com o nome dele no ombro. Na semana passada, Temer jantou com deputados da base aliada na véspera da votação da Câmara. Na ocasião, a jornalista Basília Rodrigues, da rádio CBN, pediu que o deputado do SD do Pará mostrasse a marca feita em homenagem ao presidente, uma vez que havia dúvidas se o desenho era definitivo ou se tratava de uma tatuagem temporária.
Na frente de outros repórteres e deputados, Costa respondeu: “Pra você, só se for o corpo inteiro”. Em seguida, após ser perguntado, novamente, por Basília, o deputado do SD disse: “Eu tenho várias tatuagens no corpo inteiro, amor”. Ela relatou o caso nas redes sociais e disse que, na ocasião, vários deputados pediram desculpas a ela e ficaram constrangidos com a resposta de Costa.
Após a repercussão do caso, o deputado paraense voltou a fazer ataques contra Basília no Facebook e disse que jamais poderia ser acusado de assédio, pois “basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ela foge totalmente dos padrões estéticos que, supostamente, despertaria algum tipo de desejo em alguém”.
Na peça, o PSB alega que Costa “cometeu ataques morais e de flagrante desrespeito” contra a jornalista e destaca que ela se dedica há mais de dez anos a coberturas políticas e do Judiciário em Brasília. O partido também afirma que “a atitude vexaminosa e reprovável do deputado, além de ofensiva à profissional e cidadã Basília Rodrigues, expôs a Câmara dos Deputados e contribui para a deterioração da sua imagem institucional perante a sociedade, ocasionando uma quebra de confiança e credibilidade nas instituições democráticas”.
De acordo com a legenda, Costa teve uma “postura jocosa e machista” e “praticou atos de discriminação de gênero contra a jornalista, evidenciando nítido machismo e misoginia, o que fere a ética e o decoro parlamentar”. Na peça, a sigla pede para que a representação seja analisada “para aplicar punição cabível e na exata extensão das condutas praticadas pelo deputado”.
Procurado, o deputado disse que a ação foi movida pela agremiação porque Delgado tem “problemas pessoais” contra ele. Segundo Costa, eles protagonizaram diversos embates tanto no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara como em outra comissão da Casa.
O deputado do SD também rechaça a acusação de que tenha assediado Basília. “Eu não tenho uma tatuagem, eu tenho várias, eu tenho sete tatuagens. O fato de dizer ‘Pra você, eu mostro tudo’ e ainda em tom de brincadeira… Eu não disse ‘Pra você, eu fico nu, eu fico despido, eu fico pelado’. Eu não usei esses termos. Aí, não há quebra de decoro e muito menos assédio”, disse. (AE)

“Sumiu. Não existe mais”, diz
Wladimir sobre homenagem a Temer

Perguntado se a fidelidade ao presidente havia acabado, WC respondeu: “Não, não. Ali eu morro agarrado”
Reprodução / Facebook

A declaração de amor ao presidente Michel Temer na forma de uma tatuagem na pele do deputado Wladimir Costa (SD-PA), conforme se desconfiava, saiu com água e sabão. “Sumiu. Não existe mais”, disse o parlamentar ontem (9) quando procurado pela reportagem do Estadão para responder sobre a representação do qual é alvo no Conselho de Ética da Câmara, por assédio a uma jornalista que pediu para ele mostrar a tatuagem.
Até então Costa jurava que era definitiva a homenagem ao presidente, feita no final de julho, pouco antes da votação da admissibilidade da denúncia contra o presidente na Câmara e que lhe ameaçava a permanência no cargo.
Na ocasião, o deputado disse que havia pago R$ 1.200 pela tatuagem — definitiva, segundo ele. Chegou a dizer que tinha doído fazer o desenho: uma bandeira do Brasil e o nome “Temer” embaixo.
Segundo o deputado, ele estava bêbado quando fez a “tatuagem”. “Ele [tatuador] estava simulando que estava furando e não estava porra. Ele estava simulando. E eu estava tomando cachaça com jambu, que é a nova moda no Pará, e não estava sentindo nada. Eu estava achando que estava [tatuando] e não estava”, justificou.
Aos risos, o parlamentar disse que vai processar o tatuador. Mas questionado se a fidelidade a Temer havia diluído com água e sabão, voltou a falar sério. “Não, não. Ali eu morro agarrado”. Confira a entrevista.
>> Repórter: A tatuagem sumiu? Como assim? Não era definitiva?
>> Wladimir Costa: Sumiu. Não existe mais. Vou pedir ressarcimento ao tatuador. Estou entrando agora com uma ação contra o tatuador porque ele vai ter que devolver meu dinheiro.
>> Repórter: Então era mesmo de henna?
>> Wladimir Costa: Pois é. Ele fez de henna e eu estava bêbado e não sabia.
>> Repórter: Mas o senhor chegou a dizer que doeu. Tatuagem de henna não dói.
>> Wladimir Costa: Ele [tatuador] estava simulando que estava furando e não estava, p… Ele estava simulando. E eu estava tomando cachaça com jambu que é a nova moda no Pará, e não estava sentindo nada. Eu estava achando que estava [tatuando] e não estava.
>> Repórter: E a fidelidade a Temer, saiu com água e sabão também?
>> Wladimir Costa: Não, não. Ali eu morro agarrado. (AE)

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