PF cumpre mandados contra Rodrigo Bethlem

Bethlem foi secretário municipal de Ordem Pública e Assistência Social na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes
Felippo Brando / Arquivo / Alerj

Na manhã de ontem, a Polícia Federal realizou operação para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-deputado Rodrigo Bethlem, ex-braço direito do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB). A ação é um desdobramento das operações Calicute e Ponto Final. Mensagens de celular e e-mails interceptadas pelo Ministério Público Federal (MPF) indicam que Bethlem atuaria como intermediário de empresários de ônibus.
O ex-secretário chegou por volta das 10h de ontem para prestar depoimento na sede da Polícia Federal e falou cerca de duas horas. Ele deixou o local sem conceder entrevistas, alegando apenas estar “tudo esclarecido”.
Agentes da PF estiveram em dois endereços ligados a ele para cumprir dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas.
Bethlem foi encontrado em casa e intimado a prestar esclarecimentos na sede da PF. Os agentes chegaram a um endereço no condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por volta das 5h.
Bethlem enviou mensagem no dia 28 de dezembro a Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor preso na Operação Ponto Final, dizendo: “Meu amigo garantiu que se o atual [prefeito] fizer ele mantém. Entendeu?”, escreveu Bethlem a Teixeira, pouco depois de pedir um encontro “urgente”. Em outra mensagem, no dia 2 de janeiro, contudo, Bethlem reconhece: “este vice vai dar muito trabalho”, em referência ao vice-prefeito do Rio, Fernando MacDowell.

Eduardo Paes, atualmente morando em Nova York, acompanha tudo à distância
O Globo

A Prefeitura do Rio enviou nota reforçando que repudia as insinuações “de qualquer possibilidade de escândalos no setor de transporte do governo anterior ter continuado na atual gestão”. “No mês passado, a Prefeitura conseguiu impedir novamente o aumento da tarifa de ônibus urbanos do município, contrariando a reivindicação dos empresários e até decisão de primeira instância da justiça.”
Há diversos e-mails que indicam reuniões frequentes entre Bethlem e o empresário Jacob Barata Filho, também preso na Ponto Final. Bethlem ocupou os cargos de secretário municipal de Ordem Pública e Assistência Social na gestão Paes até 2014.
Bethlem é o segundo ex-secretário do ex-prefeito Eduardo Paes envolvido em investigações. No dia 3 de agosto, o ex-secretário de Obras Alexandre Pinto foi preso durante operação da PF. De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema criminoso envolvia o pagamento de propina por meio de serviços fictícios de advocacia. Todos os envolvidos teriam recebido mais de R$ 30 milhões em propina.
O dinheiro teria sido desviado das obras do BRT Transcarioca, construído para a realização das Olimpíadas de 2016, além das intervenções do Programa de Despoluição da Bacia de Jacarepaguá, na Zona Oeste carioca.

“Pontos de contato” entre esquemas no estado e no município do Rio

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio afirmaram, na ocasião da prisão de Alexandre Pinto, que os esquemas de corrupção em obras tanto da esfera estadual quanto municipal do Rio de Janeiro têm como ponto central a gestão do PMDB. “Existem pontos de contato entre as investigações do esquema no estado e do município. Como sabemos, ambas as administrações eram do PMDB”, declarou o procurador da República Sérgio Pinel.
Bethlem já protagonizou outros episódios constrangedores envolvendo o uso do poder público. Ele teve suas conversas gravadas, em 2011, e reveladas dois anos depois por Vanessa Felippe, com quem negociava detalhes do divórcio dos dois, como o valor que ele pagaria de pensão. À época, ele revelou que embolsava aproximadamente R$ 85 mil por mês, além de seu salário como secretário. No diálogo, ele sugere que tratava-se de propina oriunda de contratos da Secretaria de Assistência Social, incluindo um convênio para cadastrar beneficiários do Programa Bolsa Família. Bethlem também afirmou ter conta bancária na Suíça.

Confira a nota de esclarecimento da Prefeitura do Rio

A Prefeitura do Rio repudia com veemência as insinuações descabidas de qualquer possibilidade de escândalos no setor de transporte do governo anterior ter continuado na atual gestão. No mês passado, a Prefeitura conseguiu impedir novamente o aumento da tarifa de ônibus urbanos do município, contrariando a reivindicação dos empresários e até decisão de primeira instância da justiça. A gestão municipal, sempre à disposição das autoridades, é pautada pela transparência e respeito às leis.

error: Conteúdo protegido !!