Policiais de UPP são atacados a tiros no 6º dia consecutivo de tiroteio no Jacarezinho

Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, foram atacados a tiros nesta quarta-feira(16). Este é o sexto dia consecutivo de confrontos na comunidade. Nesta terça, um morador morreu vítima de bala perdida. O corpo de Sebastião Sabino da Silva, conhecido como Tião das Frutas, está no Instituto Médico Legal (IML).

O ataque ocorreu por volta da 9h, na localidade conhecida como CRJ. De acordo com a assessoria de imprensa das UPPs, houve confronto mas não há notícias de feridos.

Por causa da violência, 2.369 alunos estão sem aulas no Jacarezinho na manhã desta quarta. Segundo a Secretaria municipal de Educação, três escolas, quatro creches e dois Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) suspenderam o atendimento aos alunos.

A situação atinge, também, a comunidade vizinha, Manguinhos. Lá, está sem funcionar um EDI, que atende a 245 alunos.

Nas redes sociais, moradores relatam que estão ouvindo tiros na Rua Zélia e também na localidade conhecida como Cruzeiro. A tensão da região também fez com que vários comerciantes não abrissem as portas nesta quarta-feira.

Na tarde desta terça, um morador do Jacarezinho morreu vítima de bala perdida. Outra moradora foi baleada de raspão no rosto. Um suspeito de tráfico também ficou ferido. Além disso, um caveirão da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi atingido por um coquetel molotov. O tiroteio também afetou o funcionamento do ramal de Belford Roxo: os trens deixaram de passar pela estação do Jacarezinho.

A sede da ONG Rio de Paz, que fica no Jacarezinho, foi atingida por seis tiros durante um intenso confronto, também nesta terça. Por causa dos constantes tiroteios, a direção interrompeu temporariamente os serviços prestados à comunidade. Antônio Carlos Carlos, presidente da Rio de Paz, fez um desabafo no perfil da ONG no Facebook:

“Estava na sede do Rio de Paz no Jacarezinho, quando vi essa moradora pobre passar aflita pela rua vazia com a sua filha. Cena difícil de tirar da cabeça. Um helicóptero passava pelo local, em frente ao nosso prédio, dando rajada de tiro de fuzil. Nossa sede foi alvejada hoje seis vezes.

O pobre não tem a quem recorrer. Gente sem cujo suor a economia do Brasil entraria em colapso, mas que na hora do repouso da labuta, nesses dias de guerra, busca refúgio dentro de banheiro, se joga no chão, vê filho trazendo as mãos aos ouvidos para não terem os tímpanos estourados pelo barulho das armas.”

A onda de violência no Jacarezinho começou na última sexta-feira, após a morte do policial civil Bruno Guimarães Buhler, durante um confronto na favela. Por informações que levem à prisão o assassino do agente da Core, o Disque-Denúncia (21 2253-1177) oferece uma recompensa de R$ 50 mil.

 

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