Ex-deputado Vaccarezza pegou propina de US$ 500 mil, acusa Lava Jato

Ex-deputado é suspeito de receber US$ 438 mil em propina por contrato na Petrobras até 2011, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal.
Agência Câmara

O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, preso pela Operação Lava Jato, ontem, é investigado pelo recebimento de cerca de US$ 500 mil em propina. Segundo o Ministério Público Federal, no Paraná, Vaccarezza, líder do PT na Câmara entre janeiro de 2010 e março de 2012, usou a “influência decorrente do cargo” em favor da contratação da empresa norte-americana Sargeant Marine pela Petrobras, o que culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões. As informações foram divulgadas pela Procuradoria da República.
A empresa fazia fornecimento de asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa. A força-tarefa da Lava Jato aponta que foram colhidas provas adicionais a partir de buscas e apreensões da 1ª e da 16ª fases da operação Lava Jato – além de resultados de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático e de pedidos de cooperação internacional.
“Entre as provas que corroboraram o relato do colaborador estão, por exemplo, documentos que comprovam o pagamento de propinas mediante transferências bancárias no exterior, anotações de agendas e arquivos apreendidos em fases anteriores da Operação Lava Jato que descrevem a divisão de comissões resultantes do negócio dentre operadores, funcionários da Petrobras e políticos”, afirma a força-tarefa.
A Lava Jato indica que a atuação de Vaccarezza “ocorreu no contexto do esquema político-partidário que drenou a Petrobras, agindo em nome do Partido dos Trabalhadores”.
“Na divisão de valores das propinas, há documentos indicando seu direcionamento tanto para a ‘casa’ (funcionários da Petrobras) como para o ‘PT’. Os valores então devidos ao partido, totalizando propinas de pelo menos cerca de US$ 500 mil, foram destinados em grande parte a Vaccarezza, sendo possível que a investigação venha a revelar outros destinatários das vantagens ilícitas”, destaca a força-tarefa.
O Ministério Público Federal afirma que “as provas indicam ainda que também foram beneficiados pelo pagamento de propina o diretor de Abastecimento da petrolífera, Paulo Roberto Costa, e outros dois gerentes da Petrobras com prisão temporária decretada nesta fase da operação”. Foi também decretada a prisão temporária do representante da Sargeant Marine no Brasil. São investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Também foi apurado o envolvimento do então deputado Federal Cândido Vaccarezza em esquema criminoso que beneficiaria a empresa Quimbra na comercialização de tolueno, mediante possível recebimento de vantagens indevidas e fornecimento de informações confidenciais da petrolífera para o grupo empresarial.
>> Defesa – O advogado Marcellus Ferreira Pinto, que defende Cândido Vaccarezza, informou que vai se manifestar quando tiver acesso aos autos da investigação da Polícia Federal. (Estadão Conteúdo).

Armadores gregos também entraram na mira

Ontem, a PF deflagrou a operação que mira em Vaccarezza e também outra fase da Lava Jato que investiga facilitação da contratação de armadores gregos para o fretamento de navios, tendo como contrapartida o pagamento de vantagens indevidas.
A investigação envolvendo os armadores gregos teve início a partir de relato do ex-diretor Paulo Roberto Costa em seu acordo de colaboração premiada, e se desenvolveu com a análise de materiais apreendidos na 13ª fase da operação, além de provas obtidas mediante a realização de quebras de sigilo bancário, fiscal, de dados telemáticos e registros telefônicos, além de cooperação jurídica internacional.
As apurações permitiram concluir que o então diretor de Abastecimento ajustou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de contratação de navios gregos, mediante o fornecimento de informações privilegiadas e o pagamento de propinas.
Esse esquema era efetivado, num primeiro momento (2008 a 2010), pela intermediação do operador Henry Hoyer de Carvalho, que já havia sido alvo da 13ª fase da Lava Jato, e, posteriormente, por intermédio de uma empresa constituída na Inglaterra e pertencente a Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos.

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