Combate às promessas não cumpridas

Andreia Zito quer promover conscientização política na Baixada Fluminense e evitar que a região continue sendo tratada como reduto de promessas não cumpridas
Foto: Jornal de Hoje

Aproveitando a péssima imagem pela qual atravessa a classe política do país e lembrando que muitos “fichas sujas” vão tentar se esconder por trás de novos nomes de partidos que estão sendo criados, Andreia Almeida dos Santos, a Andreia Zito, 43 anos, bacharel em direito, vai promover uma grande conscientização política na Baixada Fluminense. Ela é filha do ex-prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, também chamado de ‘Rei do Voto’ ou ‘Rei da Baixada’.
O propósito é evitar que a região continue sendo tratada como reduto de promessas políticas não cumpridas e mostrar aos 4,5 milhões de moradores a força, a importância e a capacidade que a Baixada tem, para romper os vícios governamentais, de forma radical, e acabar com a discriminação política e social que é imposta aos 13 municípios da região durante tantas décadas. Nesta entrevista ao Jornal de Hoje ela fala o que pensa e o que pretende fazer para continuar defendendo a Baixada.
Promessas não cumpridas
Andreia Zito lembra, por exemplo, que o governo do Rio promoveu os jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Para isso, reformou bairros e estradas; construiu novos prédios e quadras esportivas; melhorou ou abriu pistas novas, com asfalto de qualidade; implantou modernos sistemas de transportes, como BRT e VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos); ampliou linhas de metrô, plantou árvores e embelezou a cidade, deixando muitos legados pelo estado. Porém, para Andreia, tais eventos atraíram milhares de turistas do mundo inteiro, os quais beberam a água da Baixada e nada sobrou para a região, que, mais uma vez, ficou desprezada e esquecida, com seus 3 milhões de votos. Andreia destaca que a linha do Metrô, Linha Vermelha, Via Light e extensão do BRT, até hoje fazem parte de promessas de campanha que nunca se tornaram realidade, assim água sem falta para todos os municípios da região, onde está situada a adutora que fornece o produto para a maior parte do Rio e fica de bico seco.
Perseguição e trabalho
Morena, bela e destemida, sobre uma postura esbelta de 1,82 de altura, Andreia Zito tem respostas rápidas e diretas para todos os assuntos e se incomoda quando alguém, de qualquer maneira e forma, fere a Baixada Fluminense. Ela ingressou na política aos 26 anos, como deputada estadual e teve dois mandatos consecutivos (1978 e 2002). Depois, foi eleita e reeleita deputada federal (2006 e 2010), ficando fora em 2014, apesar da expressiva votação (34.288 votos) – O fechamento do lixão de Gramacho teria sido fruto de uma manobra política, encabeçada pelo então governo Sérgio Cabral, para atingir o prefeito Zito e enfraquecer sua imagem política e a de sua família. Mas Andreia, em todos os mandatos, defendeu como bandeira maior a educação, as crianças e adolescentes, e os idosos. Inclusive, apresentou no congresso a PEC 270/2008, que concede aposentadoria integral a funcionários públicos que ingressaram no serviço até 31 de dezembro de 2003. Além de outras medidas como auxílio-doença, para tratamento de saúde dos trabalhadores (PL-5197/2013).
Segurança na Baixada
Com a mesma garra ela quer retornar ao congresso nacional, como deputada federal, para romper um dos maiores desafios políticos de sua vida pública, em defesa dos 4,5 milhões de moradores da Baixada Fluminense. “Vamos buscar a conscientização de todos, em torno dos problemas da Baixada, uma região de muitas promessas políticas e quase nenhuma realização. Vou insistir em juntar a todos, para uma tomada de posição definida, e trazer para a Baixada o que é dela e o que ela precisa”, acentua Andreia. Ela chama à sua responsabilidade, com destaque, um assunto complexo. “A situação da segurança tem que mudar e eu vou encampar, de forma clara e decisiva, essa bandeira ao meu trabalho, mas sem perder o foco da educação e das crianças, idosos”, garante. Ela sabe que no Rio existe um policial para cada 1.421 habitantes, enquanto a ONU recomenda um para cada 250 moradores.
Caminho da fuga
Andreia Zito disse ter consciência de que a classe política está desmoralizada e desgastada, enlameada pela gula da corrupção em todos os níveis. “Mas eu não me incluo nesse ambiente, pois sou ‘ficha limpa’, o trabalho que realizei, os projetos que apresentei e os que aprovei, como deputada estadual e como federal, me credenciam a pedir votos aos eleitores”, garante ela, ao contrário de muitos outros do congresso, onde metade dos parlamentares é denunciada por algum tipo de irregularidade ou crime. Mas estão em busca de um caminho de fuga. “Muitos políticos, inclusive do Rio, vão mudar o nome do partido para confundir o eleitor”, admite Andreia. O PMDB vai de chamar MDB. O PTdoB será Avant 70. O DEM (que já foi PFL) será MUDE. O PTN vai virar PODEMOS e o PSL se chamará Livres. Ou seja, “trocam-se se os anéis, mas os dedos são os mesmos”, admite, mais uma vez, a filha do Rei do Voto ou Rei da Baixada – Seu pai, Zito, no ano 2000, elegeu-se prefeito com 86% dos votos de Duque de Caxias, e, de quebra, elegeu também seu irmão Waldir, prefeito de Belford Roxo; e sua então mulher, Narriman Zito, prefeita de Magé, juntando para tudo isso uma montanha de mais de 500 mil votos, o que lhe valeu o referido apelido.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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