Queimados terá torneiro de canto de pássaros

As competições costumam atrair centenas de criadores de pássaros avaliados em até R$ 800 mil

Pelo menos 450 dos 35 mil criadores de passarinhos do estado do Rio de Janeiro participarão do Torneio de Canto de Pássaros que acontecerá neste domingo (27), das 8h ao meio-dia, no Clube Queimadão, no município de Queimados. Esta será a primeira das 11 etapas a serem realizadas até o final do ano, em várias regiões do estado.
A disputa de cantos será promovida em cinco modalidades, com coleiros, canários, trinca-ferros, curiós e bicudos, segundo o presidente da Federação dos Eco Passarinheiros do estado do Rio (Feepaerj), José Flávio Ferreira Saldanha, 60 anos. No torneio, com direito a troféu, vence o passarinho que, em cada modalidade, cantar mais tempo e mais vezes.
De acordo com Flávio, nesta 1ª etapa do torneio de Queimados, são esperados mais de 450 passarinhos, sendo 300 coleiros e trinca-ferros, 80 curiós, 50 canários e 30 bicudos. As demais etapas serão realizadas até o final do ano em outras cidades do estado. A expectativa é a de que, como em outros municípios, o torneio reúna um grande contingente de criadores, admiradores de pássaros.
Apaixonado pela criação da espécie há mais de 40 anos, José Flávio disse ter herdado o hobby (passatempo) do seu pai, Flávio Saldanha. Ele conta que todos os anos os encontros de criadores em torneios reúnem muitas pessoas, a exemplo do torneio em Barão de Mauá, realizado em 2012, ocasião em que participaram mais de 800 gaiolas ou passarinheiros. De acordo com ele, esses números se justificam pela existência dos 56 clubes de passarinheiros no Rio, contabilizando uma média de 35 mil criadores do todo estado. “Se a gente levar em consideração que cada um cria pelo menos 10 pássaros, temos aí 350 mil passarinhos”, enfatiza.

Mais caro do que carro de luxo

José Flávio exibe sua gaiola de R$ 2 mil
Davi de Castro/Jornal de Hoje

Flávio sabe que o ambiente do passarinheiro desperta muitas curiosidades, principalmente para quem não participa desse mundo. Perguntado se existem pássaros que são mais caros do que um carro zero km, ele responde o seguinte: “Há passarinhos, bons cantadores, que chegam a ser comercializados por R$ 300 mil. O cara compra apenas por vaidade. Ele não quer perder os torneios. Quer ficar sempre na evidência”, destaca. “Já vi um cara vender um bicudo, que canta um minuto e meio sem parar, ou 10 minutos num tempo de 15 minutos, por R$ 800 mil. Já vi, também, um cara pagar R$ 600 mil por trinca-ferro”, ressalta.
Segundo ele, há também a valorização de gaiolas. “Algumas chegam a custar até R$ 5 mil”, lembra Flávio, mostrando uma de sua propriedade, no valor de R$ 2 mil, toda decorada, colorida e em alto relevo, trabalhada à mão. E conta mais curiosidades: “Tem gente, criadores tão apaixonados, que chega a ter 5 mil pássaros em sítios, com vários empregados para cuidar. E tem aqueles que chegam a ter 100 pássaros dentro do apartamento onde mora”, revela.

Dificuldades

Como presidente da Federação dos Criadores de Passarinhos do estado do Rio, Flávio Saldanha, como também é chamado, conta que existem muitas dificuldades na legalização da criação de pássaros. “Para não infringir a lei 6908/2014, que trata do assunto, o criador precisa ser cadastrado no Inea (Instituto Estadual do Ambiente). Temos 35 mil passarinheiros cadastrados. Para isso, se paga R$ 125 por ano. Mas tem criador que não quer, prefere não pagar”, comenta.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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