Trânsito lento afasta consumidores do Centro de Nova Iguaçu

O engarrafamento na Avenida Governador Roberto Silveira, na altura do Aeroclube, faz parte da rotina de quem tenta chegar ao Centro da cidade
Diego Valdevino/Jornal de Hoje

A pesquisa encomendada pela Associação Comercial e Industrial de Nova Iguaçu (Acini) para saber “porque o centro comercial esvaziou nos últimos anos e o que fazer para reverter isso”, apontou, além da crise, a má qualidade do sistema de transportes e falta de segurança pública como fatores principais pela fuga dos consumidores.
O resultado da pesquisa foi apresentado ontem, às 10h, no Centro Social São Vicente (antigo Patronato), no centro de Nova Iguaçu, a mais de 50 empresários dos mais variados ramos. A apresentação veio acompanhada de pelo menos três sugestões que poderiam virar o jogo, aquecer as vendas e fazer a classe empresarial respirar aliviada.
Os pesquisadores fizeram várias perguntas à população para saber os motivos pelos quais as vendas despencaram no município de Nova Iguaçu, as razões do esvaziamento de público no Calçadão da Avenida Amaral Peixoto, e explicar a queda nas vendas, principalmente depois do agravamento da crise econômica do País.
Uma das perguntas se referia à “classificação (do nível) do comércio” na cidade. Como resposta, 12% dos entrevistados consideraram “muito bom”, mas 57% mostraram que preferem comprar no bairro onde moram. E “quando faz compras para si ou sua casa”, 49% dos consumidores recorrem ao Centro de Nova Iguaçu, 29% ficam no seu próprio bairro, 7% vão a shoppings, 9% compram fora da cidade e 1% dos entrevistados compram nos mais variados lugares.
Na pergunta se “o comércio do seu bairro melhorou ou piorou”, 46% das pessoas responderam que melhorou, 11% disseram que piorou e 43% garantiram que nada mudou, está a “mesma coisa”. E à mesma pergunta para o comércio do Centro, 51% dos pesquisados responderam que melhorou, 9% garantem que piorou e 41% acham a “mesma coisa”.
Sobre “quantas vezes vai ao centro por mês”, 20% responderam que vão uma vez; 10% vão três vezes; 15% vão duas; 11% vão de cinco a 10 vezes e 18% dos entrevistados disseram que, em um mês, vão ao Centro de Nova Iguaçu quatro vezes. E sobre “qual o meio de transporte que usa para ir ao local”, 30% responderam que vão de veículos (carro, inclui moto), 54% de ônibus (inclui vans), 3% de trem; 6% à pé; 1% de bicicleta e 5% de Uber.
Os pesquisadores detectaram que a mobilidade urbana (trânsito) é muito ruim quando quiseram saber se “é fácil chegar ao Centro”. Esse item revelou que 43% disseram “sim” e 30% responderam “não”; 15% deram como resposta “depende do dia e hora”, enquanto 12% garantiram que “não dá pra fazer previsão”.
Nas respostas sobre os “pontos fortes do Centro”, os entrevistados avaliaram bem os 5 mil negócios diferentes ou serviços existentes do Calçadão da Amaral Peixoto. Pelo menos 52% gostam da “variedade de serviços”; 14% valorizam os serviços oferecidos; 9% gostam dos preços; 8% vão ao local por causa das agências bancárias; 7% pelos cursos e escolas, e 5% procuram o Centro para alimentação e lazer. Outro item considerado importante foi saber do grau de satisfação do consumidor em fazer compras no Calçadão: só 14% dos entrevistados acham “ótimo”; 44% “bom” e 23% consideram “regular”.

Sugestões para melhorar a fatura

Empresários acompanharam a divulgação da pesquisa no Patronato
Davi de Castro/Jornal de Hoje

A pesquisa também apresentou três medidas para reverter a situação da crise financeira que afeta o comércio da cidade: “trabalhar em conjunto”, criando campanhas de marketing com todas as categorias. “Inovação e comunicação”, entrar e trabalhar com o mundo digital (redes sociais), Facebook e Whatsapp, por exemplo, além de procurar entender quem é o cliente. E “Foco no que é viável”, apontando que o cliente precisa de novos motivos para comprar no Centro. “Vou porque o trânsito agora está bom”, sugere a pesquisa.

O que pensam os sindicados e governo

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Nova Iguaçu (Acini), Renato Jardim, ao observar que a metade dos consumidores vai ao centro de ônibus, sugeriu contato com os empresários do setor para melhorar a mobilidade, já que a demora é muito grande para quem sai dos bairros. “De Miguel Couto a Nova Iguaçu, de ônibus, demoro uma hora. Então, prefiro comprar no meu bairro”, comentou um funcionário da prefeitura de Nova Iguaçu.
O empresário Claudio Rosemberg, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), disse que o trânsito e a segurança poderão mudar a vida comercial do Calçadão, destacando o projeto “Centro Presente”, que está sendo implantado pela Secretaria Municipal de Segurança, sob o comando do coronel Roberto Penteado.
O ex-prefeito Mário Marques, ao considerar que no Centro “não tem nada para chamar a atenção do consumidor”, sugere apresentação de “atrações culturais nas ruas”. O vice-prefeito da cidade e secretário de Fazenda, Carlos Ferreira, o Ferreirinha, destaca a iniciativa da Acini e lembra que o projeto “Centro Presente”, nos moldes que acontece na Lapa e Zona Sul, fará a segurança na localidade. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Cid, afirmou que a pesquisa é “um presente” para Nova Iguaçu, e sugeriu, também, como medida de segurança, o ‘grupamento aéreo’ na região. Para o médico Emmerson Luiz da Costa, “tem político ganhando muito dinheiro, enquanto 14 milhões de trabalhadores estão desempregados, e isso precisa mudar”.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

error: Conteúdo protegido !!