Preço da gasolina chega a R$ 4,55 em postos do Rio, após aumento

Em cinco dias, só no mês de setembro, foram três aumentos, somando 10,2% para a gasolina

A Petrobras anunciou mais um aumento nos preços da gasolina nas refinarias, desta vez de 3,3%, válido a partir desta terça-feira. Em cinco dias, só no mês de setembro, foram três aumentos, somando 10,2% para a gasolina. O maior preço foi registrado na Zona Sul, na Lagoa, no posto próximo ao Parque dos Patins, em que a gasolina atingiu R$ 4,559, onde o professor Marco Antônio Grivet abasteceu.

“Eu costumo abastecer em Botafogo, em um posto que me cobra R$ 3,80. É um absurdo esse preço daqui, mas estou precisando”, disse Marco.

Já no caso do diesel, a alta acumulada chega a 5,3%. A Petrobras informou que a política de preços da estatal para diesel e gasolina leva em consideração, entre outros fatores, o alinhamento com os preços internacionais dessas commodities. Ainda de acordo com a empresa, “eventuais ocorrências que influenciem o preço desses derivados no mercado internacional, como a passagem do furacão Harvey”.

A presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do município do Rio, Maria Aparecida Schneider, disse que nem todos os postos repassaram o aumento. Elaconsidera positiva a nova política de preços, mas afirma que a flutuação diária causa instabilidade no mercado.

“Para nós (o aumento dos preços) é péssimo. Com ajustes diários, parece até que voltamos ao tempo da inflação, operacionalmente é uma questão administrativa enlouquecedora”, disse Maria Aparecida Schneider.

De acordo com o sindicato, as vendas de combustível na cidade do Rio despencaram de 25% a 30%, enquanto a média nacional está em 6,5%. Dados da entidade revelam que em dois anos o número de postos que fecharam chega a 200, passando de 903 estabelecimentos registrados, em 2015, e 700 este ano.

“Essa nova política de preços da Petrobras é muito prejudicial para os varejistas, porque não tem como nós reajustarmos preços todos os dias. É preciso esperar pelo menos uma ou duas semanas para repassar o ajuste para o consumidor. E enquanto isso, quem sofre somos nós”, afirmou Paulo Miranda Soares, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis.

Alta no transporte e no alimento

O aumento dos preços cobrados sobre combustíveis não deve afetar apenas o bolso dos motoristas que abastecem diariamente nos postos de gasolina. Outros produtos de diferentes áreas também podem ser impactados pela medida. De acordo com André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a alta tem o poder de influenciar até mesmo com os alimentos. Na cadeia produtiva, a preocupação é com o aumento acumulado para o diesel que pode impactar diretamente no preço do frete e distribuição de produtos, como alimentos, medicamentos, além de repercussão no preço do transporte público.

“Algum aumento o consumidor vai assistir ao longo do tempo. Os contratos de frete são feitos, geralmente, com prazo de um ano, considerando os preços acumulados em 12 meses, com alguma atualização se houver alta nos custos. O que a gente espera é que os ajustes constantes da Petrobras possam se reverter em uma pressão inflacionária menor já que os preços não ficam represados para subir de uma vez. Com a demanda enfraquecida, é possível que em algum período tenhamos anúncio de queda e, no longo prazo, um anúncio de alta possa ser anulado pela queda subsequente”, avalia André Braz.

O economista lembra que quando houve o aumento dos impostos do PIS e Confins para combustíveis, a Fundação Getúlio Vargas captou dois aumentos no Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O primeiro foi de 2%, em julho, logo depois do anúncio do governo, e o segundo em agosto, com índice acumulado de 8,5%.

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