Corrupção Olímpica no Rio na ‘Era Cabral-Lula’

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, chega à PF para depor
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Polícia Federal fez buscas ontem (5), contra o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman. O executivo está sob suspeita de investigação iniciada na França sobre propina de US$ 1,5 milhão para que o Rio de Janeiro fosse a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O esquema ocorreu quando Sérgio Cabral era governador do Rio e Lula presidente do Brasil. A operação foi batizada de Unfair Play.
Na manhã de terça, agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal deflagraram mais uma fase da Operação Lava Jato, tendo como alvo suspeitos de comprar jurados da eleição do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. Buscas são feitas na casa do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, no Leblon, Zona Sul do Rio, além da sede do COB. Nuzman foi intimado a depor na sede da PF.
Havia ainda um mandado de prisão contra Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur (ex-dono da fornecedora do Estado chamada Facility), e outro contra Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia dele na empresa.
De acordo com investigações, Nuzman teria tido participação direta na compra de votos dos membros do COI para os Jogos e que teria sido o responsável por interligar corruptos e corruptores.
O dinheiro do esquema vinha do empresário Arthur Soares, que abastecia uma conta no Caribe, gerenciada por um operador do esquema do ex-governador Sérgio Cabral. Arthur Soares está em Miami, nos Estados Unidos
O Ministério Público das Finanças francês também participa da ação, já que vinha investigando o esquema de compra de votos para a escolha da sede da Olimpíada.

Entrou mudo e saiu calado da sede da Polícia Federal

Presa, Eliane Pereira, sócia de Rei Arthur, chega à sede da Federal cobrindo o rosto com livro de Osho
Reprodução/GloboNews

Carlos Arthur Nuzman, chegou para depor na sede da Polícia Federal do Rio por volta das 10h. Ele era aguardado para prestar esclarecimentos na operação que investiga a compra de jurados na eleição da cidade sede da Olimpíada de 2016.
Segundo agentes, Nuzman se reservou ao direito de não falar durante o interrogatório. Ele deixou a superintendência da PF por volta das 15h30.
Por volta das 10h20, também chegou na sede da PF Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia de Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, que foi presa em casa. Ela chegou à sede da Polícia Federal tentando esconder o rosto com um livro do filósofo indiano Osho.
Ao deixar a casa de Nuzman seu advogado de defesa afirmou que o cliente não cometeu ilegalidades. “Vou examinar o processo e daremos as explicações. Ele está tranquilo e sereno”, afirmou o advogado Sérgio Mazzillo, garantindo que “nenhuma irregularidade foi cometida”. Os advogados de Arthur e de Elaine não foram encontrados para falar.

A imagem esportiva do Brasil foi afetada

Policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e onze mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. “Mais do que crime acessório dos atos de corrupção em obras públicas que se seguiriam à referida eleição internacional da Cidade do Rio de Janeiro como sede do evento esportivo mais importante de nosso planeta, se forem confirmadas as suspeitas trazidas ao Ministério Público Federal do Brasil pelo Ministério Público da França, dito comportamento teria o potencial de transmitir mundialmente a mensagem de que o povo brasileiro é incapaz de alcançar conquistas legítimas, baseadas na qualidade de seu povo, suas habilidades pessoais e competências gerenciais”, escreveu.
“A imagem do Brasil como um país em que conquistas negociais, artísticas e atléticas só são alcançadas por atos de corrupção é, além de falsa, um dano de grande monta a merecer rigorosa atuação do Poder Judiciário Nacional”, completou. Na decisão, Bretas lembra também que, em razão da realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, a União destinou no ano de 2016 o auxílio financeiro emergencial de R$ 2,9 bilhões ao Estado do Rio de Janeiro, nos termos da Medida Provisória nº 736 de 2016, convertida na Lei nº 13.343 de 5 de outubro de 2016. (AE) (Com Estadão, G1 e agências internacionais).

 

por Jota Carvalho

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