Lojistas do Shopping Nova Iguaçu vão da euforia à frustração

Desde sua inauguração, há pouco mais de um ano, o Shopping Nova Iguaçu já sofreu com apagões e até assaltos
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje/Arquivo-28/04/16

Inaugurado em abril do ano passado, com grande pompa, prometendo uma gigantesca estrutura comercial, com hotéis e apart hotéis, complexo de cinemas com salas Vip e serviços para atender a todas as camadas sociais, além de um ambiente super gostoso, para a clientela se sentir como estivesse em sua casa, o shopping Nova Iguaçu deixou a desejar.
Ao contrário do que foi anunciado, o empreendimento já acumula muitos problemas como lixo, alagamentos em banheiros e nas saídas de emergência, queda de luz, blecautes e até mesmo o flagrante de um rato comendo batata frita em um dos corredores internos. Tudo isso somado à quantidade minguada de clientes em determinados dias da semana, corredores pouco frequentados, roubos em lojas, com lojistas deixando o shopping e acumulando prejuízos.
Construído em uma área de 45 mil metros quadrados, na Avenida Abílio Augusto Távora, nº 1111, no local onde funcionava a Pedreira Vigné, com capacidade para 220 lojas, o Shopping Nova Iguaçu foi anunciado como um grande empreendimento para a Baixada Fluminense. Corretores atraíram lojistas e outros empreendedores, citando a presença de universidade com 8 mil alunos, grandes lojas âncoras, marcas famosas como salão de beleza da atriz da TV Globo, Juliana Paes, e outras grifes famosas.
Júlio Ferrer, superintendente da Ancar Ivanhoe, empresa responsável pela administração, disse no dia da inauguração, em 28 de abril de 2016, que nascia naquela data um shopping como havia sido prometido há dois anos, “para atender a todas as camadas sociais”. E acrescenta: “A gente espera que o povo de Nova Iguaçu e da Baixada tenha nesse empreendimento a extensão da sua casa. E todo mundo que vier aqui, vai ser bem recebido. Que ele se sinta em casa, se sinta surpreendido, num ambiente super gostoso”, exalta Júlio.

O triste fim de Diego

Porém, ao contrário do que foi anunciado, as reclamações de lojistas são muitas. Diego Nobre de Carvalho, um jovem de 29 anos, por exemplo, conta que perdeu tudo e ainda vai sair cheio de dívidas. Ele tinha um quiosque de sorvete em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Atraído por corretores, veio montar o quiosque em frente a uma praça de alimentação, onde haveria lojas de grifes famosas e de serviços como Detran, lotérica, pista de boliche, Outback e supermercado. Mas nada disso aconteceu. Acabou sem quiosque e numa loja escondida no final de um dos corredores. Com as quedas de energia, perdeu equipamentos de última geração. Sem clientes, demitiu empregados e foi acionado na justiça. Sem mercadoria e sem dinheiro, a esposa foi embora. Ele gastou R$ 100 mil para entrar no empreendimento. “Para sair, o shopping me cobra R$ 200 mil”, reclama. Diego também tem dívidas com a família, bancos e amigos.

Roedores comem até batata frita

Funcionários do Shopping Nova Iguaçu flagraram um rato devorando batata frita em um dos corredores internos
Reprodução de vídeo

Ao ver os vídeos de ratos comendo batata frita em um corredor interno do shopping, lixo nas saídas de emergência e alagamento em banheiros, Margarida Pacheco, 62 anos, ironiza. “Isso aqui jamais seria a extensão da minha casa, pois lá não criamos ratos e nem acumulamos lixo, pois minha casa não é chiqueiro”, brinca. “Isso aqui parece o Saara (deserto) e está mais para lugar de meditação, de ioga (ri)… tem dia que fica horas sem passar ninguém aqui nesse corredor”, critica um lojista, que não sabe mais o que fazer para pagar as contas. Temendo perseguição, não querem ser identificados. Mas apontam lojas que foram arrombadas na madrugada, quando o shopping estava fechado. “A administração não se responsabilizou pelo prejuízo”, revelam. A falta de energia elétrica também é outro problema dos lojistas. “De dia e com luz, o shopping fica vazio. Imaginem no escuro?”, questiona outro lojista. Os empreendimentos que disseram ter em torno do shopping, como hotéis e apart hotéis, não aconteceram. “Somos filhos de promessas não cumpridas, sem perspectivas de melhoras”, comenta um comerciante que está deixando o local, levando na bagagem, dívidas de R$ 2 milhões.

Shopping rebate acusações
O Nova Iguaçu esclarece que não possui registrado todas as reclamações apontadas e que atuou prontamente para sanar as questões até então identificadas. O shopping informa ainda que teve problemas pontuais com a concessionária de energia elétrica, solucionados após alguns ajustes técnicos, e reforça que mapeia pontos sensíveis a fim de garantir o padrão de qualidade da operação. O empreendimento reforça ainda que realiza um trabalho de conscientização com os lojistas para garantir o descarte correto do lixo e que é reconhecido por sua boa relação com seus operadores, cumprindo todos os acordos firmados. Por fim, o Nova Iguaçu ressalta que não possui qualquer registro de ocorrência de roubo ou furto no interior do estabelecimento desde maio/16.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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