Policiais do Rio correm mais riscos

Um policial do Rio de Janeiro corre seis vezes mais risco de vida do que um de São Paulo. A informação consta no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para apurar as causas de mortes e incapacitações de profissionais de segurança pública, apresentado ontem. O documento aprovado pela comissão propõe 14 medidas para diminuir o número de morte desses profissionais. O relatório será publicado no Diário Oficial nos próximos dias e seguirá para votação no plenário. Em 2016, a capital fluminense teve, ao todo, 146 agentes públicos de segurança assassinados e 556 feridos. Faltando pouco mais de três meses para terminar o ano de 2017, esse número já chega a 102 polícias mortos na cidade. O número crescente foi analisado pela CPI em 13 encontros ao longo desses dois anos. “Poderíamos ter concluído essa CPI há mais tempo, mas acima de tudo ela ficou funcionando como um instrumento de denúncia permanente”, afirmou o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PSol). Nesse período os parlamentares receberam agentes de segurança, representantes do Governo do Estado, pesquisadores e especialistas. Entre eles, a socióloga Maria Cecília de Souza Minayo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que destacou que um dos fatores que contribuem para o alto índice no estado é a rotatividade dos policiais. “Quando um profissional não conhece o território no qual está trabalhando ele se torna mais fragilizado. Ele acaba não conhecendo o “modus operandi” desse local e, por isso, se torna um alvo fácil”, explicou o relator da CPI, deputado Zaqueu Teixeira (PDT).
Entre as sugestões apresentadas no relatório, está a mudança na política de confronto aplicada pela Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro (SES). “Nós temos há mais de 10 anos a mesma política de segurança, baseada no confronto, e já notamos que ela não funciona. O governo precisa tomar medidas para proteção desse policial”, reforçou.
Os deputados Wagner Montes (PRB), Martha Rocha (PDT) e Zito (PP) foram favoráveis ao relatório e também expressaram, durante a reunião, a necessidade de mudança no sistema de segurança pública do estado. “Hoje o policial está na rua para ser caçado”, afirmou Wagner Montes.
Um levantamento feito pela Agência Lupa, a partir de um estudo divulgado em abril pela organização não governamental (ONG) mexicana Seguridad, Justicia y Paz – que mapeou os 50 municípios mais violentos do mundo – o Rio de Janeiro teve mais mortes de policiais em 2016 do que nas cinco cidades mais violentas do planeta. O número de policiais assassinados, em Caracas, capital venezuelana, a cidade mais violenta do mundo, em 2016 foi de 76, enquanto o Rio ultrapassou o número de 100 polícias. A segunda cidade mais violenta do mundo é Acapulco, no México, mas houve apenas dois policiais assassinados em todo o Estado de Guerrero, onde fica a cidade de Acapulco.

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