Ciro Gomes aponta problemas e soluções para a economia

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes disse que é preciso investimento para que o país saia da crise econômica
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Diante de uma plateia de políticos e empresários de Nova Iguaçu e outras regiões da Baixada Fluminense, o ex-ministro da Fazenda Ciro Ferreira Gomes, 60 anos, falou da situação do Brasil e apresentou caminhos para o país voltar a crescer. A palestra aconteceu ontem, às 15h, na Sociedade Filantrópica São Vicente, o Patronato Vicente, situada na Praça Santos Dumont, no centro de Nova Iguaçu. O encontro foi promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade.
Professor universitário, advogado, escritor e político que ocupou vários cargos públicos no país, Ciro Gomes mostrou todos essas suas facetas para avaliar falar do passado e da atual situação do Brasil. Disse que o país tem problemas muito delicados que é preciso conversar com “os diferentes”, ou seja, aqueles que buscam e sonham com soluções. Ele lembra como exemplo que o Brasil, com 206 milhões habitantes, era mais rico, proporcionalmente, do que a China, com 1,2 bilhão de moradores. “A China cresceu 14% nos últimos anos e o Brasil apenas 2,5%”. Ciro justifica que um grupo dominante considera o povo como “um monte de idiotas” e tudo segue da forma que está. “Precisamos corrigir essas distorções”, sugere, com conhecimento de causa, já que foi deputado federal, governador e ministro da Fazenda.
O Brasil paga caro aos bancos
Seguindo esse raciocínio de distorções da economia política, ele faz citações sobre Adam Smith, considerado o ‘pai da economia’, e outros estudiosos das fontes de produção das riquezas brasileiras e como o governo desperdiça a renda nacional. Ele lembra que na década de 1930 o país era rural e 82% da população morava no campo, onde só produzia pra comer. Já em 1980 era a 15ª economia industrial do mundo. “isso significa que não há defeito genético no país”. Acontece que a maior produção da renda, em torno de 49%, é destinada a pagar juros aos bancos, 29% para previdência e todas as outras coisas”, que marcam o dia a dia da família brasileira. Ciro destaca que quando o Brasil estava forte, financeiramente, a grande fonte de renda vinha das indústrias, que paga mais ao governo e aos trabalhadores. “Hoje, a renda industrial representa apenas 9,5% da renda nacional”, afirma.

A solução é investir no país

O artista plástico Antônio Filipak presenteou Ciro Gomes com um livro
Davi de Castro/Jornal de Hoje

O modelo da economia aplicada no país, segundo Ciro Gomes, empobrece o povo e o próprio país, por não cuidar das chamadas reservas cambiais – a quantidade de moeda estrangeira acumulada pela nação. Ele cita, por exemplo, que a maior parte da obra-prima do que se fabrica no país, é paga em dólar e vem de fora, inclusive uma parte do trigo. “Quando Lula entregou o governo a presidente Dilma Rousseff, o povo precisava de R$ 1.75 para comprar 1 dólar de trigo. E quando ela saiu, o povo precisava de 4 dólares para comprar a mesma coisa. Por isso que o pão ficou mais caro”, explicou. E assim acontece com outras matérias primas que o governo precisa comprar para produzir sua riqueza. Ou seja, quando o Brasil compra o trigo de fora, está abrindo empregos para o povo de fora e aumentando a renda do país que nos vende. Para Ciro Gomes, é preciso mudar esse modelo e investir aqui no nosso país.
>>Homenagem – Quando Ciro Gomes encerrava a palestra, o prefeito de Nova Iguaçu, Rogerio Lisboa, entrou no auditório. Pelo menos deu para assistir o artista plástico, Antônio Filipak, homenagear o palestrante, lhe entregando um livro com seu trabalho sobre a cidade.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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