‘Se alguém sacaneou ou roubou a Petrobras, que pague pelo roubo’, diz Lula

“Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho do que tiveram nesses 12 anos”, bradou Luiz Inácio para a plateia de petroleiros Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

“Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho do que tiveram nesses 12 anos”, bradou Luiz Inácio para a plateia de petroleiros
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os responsáveis pelos escândalos da Petrobras sejam punidos, mas que os trabalhadores sejam preservados. “Se alguém sacaneou ou roubou a Petrobras, que pague pelo roubo, e que os trabalhadores não sejam punidos. Que não sejam punidos aqueles que efetivamente são responsáveis pela construção dessa extraordinária empresa, motivo de orgulho para o nosso País”, disse o petista, que participou da 5ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O ex-presidente petista disse que aceitou participar do encontro dos petroleiros porque é preciso contar e recontar sua participação nas lutas e feitos deste país. “Tenho orgulho de ter sido o metalúrgico que levou o Jair Meneguelli (ex-sindicalista que militou ao lado de Lula no ABC) a ser cassado por fazer a primeira greve, em solidariedade aos petroleiros em 1983. Ele disse que também sente muito orgulho de ter sido o presidente que “capitalizou a estatal e ajudou a recuperar a indústria naval brasileira”. Lula citou que ao assumir a Presidência da República, a estatal representava apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e hoje representa 13%.
Lula disse que também sente muito orgulho de ter sido o presidente sem diploma universitário que mais criou universidades neste País e repetiu um discurso usado durante a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff. “Tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que em 12 anos construiu mais vagas nas universidades do que as elites em cem anos. Fizemos também mais escolas técnicas nesse período do que eles em cem anos. Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho do que tiveram nesses 12 anos.”

 

A crise no País não é responsabilidade da Dilma

Afilhada recebeu afagos do padrinho Lula: “Peço a Deus para Dilma não perder a tranquilidade”  Foto: Divulgação/PR

Afilhada recebeu afagos do padrinho Lula: “Peço a Deus para Dilma não perder a tranquilidade”
Foto: Divulgação/PR

Diferente da postura crítica que vinha adotando em relação à administração da sucessora e afilhada política, Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente saiu em defesa da presidente da República. “A crise no País não é responsabilidade da Dilma”, disse Lula, responsabilizando o cenário externo pelas dificuldades que o Brasil enfrenta na área econômica.
Ao falar sobre a economia brasileira, o ex-presidente disse que acompanha “certo pânico das pessoas com a perspectiva da inflação chegar à casa dos 9%” – a inflação corrente de doze meses, até o mês de maio, está em 8,47%, e a expectativa, segundo a última pesquisa Focus, é que o índice feche 2015 em 9%. Para Lula, apesar de muita gente ganhar com a elevação deste índice, a alta da inflação acaba prejudicando quem vive de salário. “Tem gente que ganha muito, mas o trabalhador, não.” E, dirigindo-se à plateia formada por petroleiros, voltou a defender a afilhada política: “Tenho certeza que Dilma tem obsessão em trazer a inflação para o centro da meta, e ela está tomando as atitudes certas para isso”. Lula lembrou que, quando assumiu o seu primeiro mandato, depois do governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, herdou uma inflação de 12%.
Lula disse que o mau humor que tomou conta do País não é gratuito. “Tem gente que dá a notícia mais negativa possível para tentar desestabilizar o governo e criminalizar o PT e as esquerdas”, afirmou, questionando se no Brasil é mesmo tudo muito ruim. Culpou a oposição por não querer aceitar o resultado das urnas, nas eleições presidenciais de outubro do ano passado.
“Ganhamos as eleições numa disputa aguerrida e agressiva, a sociedade brasileira deu a vitória à Dilma e nossos adversários parecem que não querem aceitar o resultado até hoje. Ninguém perdeu mais eleição do que eu e todas as vezes acatei o resultado, eles resolveram não acatar. Nunca vi tanta agressividade à instituição Presidência da República como estou vendo agora”, disse.
Ainda na defesa de Dilma, Lula frisou que jamais viu tanta agressividade dirigida a ela. “Achei sempre que o problema era comigo, por ser nordestino e sem diploma universitário. Nunca vi tanta agressão como a que a companheira Dilma tem sofrido. Peço a Deus para Dilma não perder a tranquilidade.”
Lula reconheceu, em outra parte do discurso, que o País vive tempos difíceis, mas garantiu que Dilma irá arrumar o Brasil, citando a agenda positiva que a presidente da República vem adotando desde o mês passado, como o acordo com a China, a viagem aos Estados Unidos, os investimentos em infraestrutura. “Além de outras medidas que ela vai anunciar em breve, como mais três milhões de casas do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), e o Pátria Educadora, um programa revolucionário para este País.”
O ex-presidente insistiu que a presidente adote a estratégia de ir às ruas e disse que ele mesmo também prepara uma agenda, com ajuda da equipe de seu instituto, para viajar pelo País. Ele disse que ficar em gabinete em Brasília “esperando” serve apenas para ouvir reclamações e pedidos de políticos. “A Dilma, diante de todas as coisas que ela tem que fazer, tem que priorizar andar por esse País, tem que botar o pé na estrada, em vez de ficar na televisão e na internet ouvindo pessoas falando mal dela”, afirmou.

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