Bandidos decretaram toque de recolher na Rocinha

Bandidos decretaram toque de recolher na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, na noite deste domingo, após um dia de guerra na comunidade, relataram moradores. Cerca de 60 bandidos invadiram a favela e deram início a uma série de confrontos que deixaram um suspeito morto e três pessoas feridas.

“À noite, ficou estranho. Eles deram toque de recolher às 20h. Ficou um silêncio absoluto, nenhum veículo na rua, nada. Chegou à parte alta do morro um ônibus com vários bandidos, para fazer a “segurança”. Hoje, de manhã, umas 6h, soltaram fogos novamente para avisar algo e deram tiros”, disse o morador.

Ele relatou ainda que os criminosos proibiram a circulação de pessoas e qualquer automóvel na Rocinha. Segundo moradores, o traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, fugiu pela mata para a comunidade do Vidigal, comunidade vizinha.

Há cerca de um mês, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, mandou, do presídio federal onde está preso em Rondônia, a ordem para que Rogério, que lhe sucedeu no posto de chefe do tráfico, deixasse a favela. O criminoso bateu o pé e não saiu do morro. Em 13 de agosto, três homens de confiança de Nem foram encontrados mortos num carro, na Estrada da Gávea. Na semana passada, outros aliados do antigo chefe da favela mais importante para a quadrilha, na Zona Sul, foram expulsos do morro. A cúpula da facção Amigos dos Amigos (ADA) — que domina a comunidade — decidiu, então, se unir para expulsar Rogério da favela.

De acordo com o moradores, nesta segunda-feira, só há policiais nas entradas e nos pontos de “pacificação”, onde eles ficavam geralmente. E um helicóptero sobrevoa a região.

“Está cheio de bandidos aqui, vindos da Cruzada, do Morro São Carlos. Infelizmente, os policiais não fazem nada. Além de ser fraca nessa parte, pois existem poucos (policiais) e muitos são corruptos. Sim, porque até eles cobram as taxas de mototáxis, ônibus escolares e vans que rodam pela Rocinha.

O morador afirmou que está assustado com a guerra na comunidade:

“Muito tempo que isso não acontecia, apesar de saber e ver que eles ainda comandavam o morro. Porque estava tendo cobranças de taxas abusivas a moradores, como exemplo, o gás aqui está a R$ 92, não podendo ser comprado em outro local, senão, é morto. Além de roubos a luz do dia e estupros. Por isso, houve essa guerra, ainda mais que a mulher do bandido Nem foi expulsa, juntou tudo e a ordem foi voltar e tomar tudo de volta para por ordem.

Ele disse ainda que não acredita que a guerra acabe logo.

“Dias de tensão. De não saber o que vai acontecer. E passar esses dias nesse clima de tensão. A gente teme uma nova guerra. O número de policiais é muito menor que a dos bandidos, infelizmente. Pode até acalmar. Mas sabe uma bomba prestes a explodir? Bem assim que acontece. A gente acredita que o outro lado não vai deixar barato e que isso acabe assim”, contou um morador, que quis não se identificar.

 

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