População cobra mais saúde em Miguel Couto

Um dos bairros mais populosos de Nova Iguaçu, Miguel Couto sofre com saúde precária. Emergência da Clínica da Família está fechada
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Os serviços de saúde pública do município de Nova Iguaçu estão deixando a desejar. No bairro de Miguel Couto, por exemplo, o 8º bairro mais populoso da cidade, com mais de 20 mil habitantes, a situação é bastante precária. A Clínica da Família, situada na Rua Professor Digomar Simões, 50, no centro, está com o serviço de emergência fechado. Quem precisar de atendimento de urgência, se não tiver dinheiro para pagar médico particular, corre risco de morte.
A situação da saúde no bairro de Miguel Couto vai de mal a pior. O que já não era bom no governo do prefeito Nelson Bornier (PMDB) parece piorar na gestão de Rogerio Lisboa (PR). Morador antigo da localidade, José Roberto, 32 anos, disse que o serviço de emergência da Clínica da Família está fechado desde o início do ano.
“Assim que Rogerio Lisboa assumiu a prefeitura, o atendimento parou, os demais seguiram de forma precária”, afirma. Quem precisar de atendimento no bairro, segundo ele, recorre ao Hospital da Posse. “Lá, eles fazem uma triagem. Se não for caso de emergência, eles mandam para a clínica de Vila de Cava”, informa. “Com o fechamento da unidade de Miguel Couto, quem, precisa de atendimento, tem de pagar médico particular”, comenta Roberto.
Funcionária de uma lanchonete no centro do bairro, Nice Silva Filho, 65 anos, foi mais além. “Quem precisa de atendimento médico aqui no bairro, se não tiver dinheiro pra pagar, morre”, exagera a moradora. Na porta da clínica, Milene Siqueira da Silva, 19 anos, mãe de uma criança de seis meses, a qual levava no colo, disse que algumas coisas ainda funcionam, mas de forma precária. “Quando precisamos de vacina, às vezes tem, outras vezes, não”, comenta a jovem mãe.

Pacientes vêm de cidade vizinha

Milene Siqueira da Silva levou seu filho à unidade em busca de vacinas
Fotos: Davi de Castro/Jornal de Hoje

Um funcionário da unidade, que pediu para não ser identificado por causa de perseguições políticas, disse que o seguinte: “Por causa do fechamento do Hospital do Joca, em Belford Roxo, a emergência da clínica atendia 300 pessoas por dia, pois Miguel Couto faz limite com Belford Roxo. O setor não suportou o volume de atendimento e fechou no final de dezembro passado”, esclarece. “Fechar a única clínica 24 horas do bairro, é muita covardia do prefeito contra os moradores mais pobres”, critica Tibério Martins dos Santos, 67 anos.
Abaixo-assinado – De acordo com Carlinhos Presidente (ex-vereador que apoiou o PT de Lindbergh Farias, o PDT de Sheila Gama (PDT) e depois se aliou ao PMDB de Nelson Bornier), outros bairros de Nova Iguaçu estão na mesma situação de Miguel Couto, como Austin, o 3º mais populoso da cidade, com 20 mil habitantes, e o Km-32, o 12º em população, com mais de 17 mil moradores. “Aqui em Austin o atendimento na saúde pública está muito precário”, relava Margarida Ornelas, 44 anos. “No meu bairro, a saúde nunca prestou. O pessoal daqui procura atendimento em Campo Grande. Mas quando esse Rogerio entrou, o negócio ficou pior”, garante Altamira Ribeiro de Souza, 66 anos.
Há informações de que um abaixo-assinado irá circular nestas regiões coletando assinaturas para cobrar do governo, através do Ministério Público, a reabertura das unidades de saúde que foram fechadas.

Prefeitura responde

A Secretaria Municipal de Nova Iguaçu informa que em dezembro de 2016, a atual gestão encontrou a Clínica da Família de Miguel Couto totalmente desbastecida e desestruturada, com três folhas salariais em atrasos, falta de medicamentos e insumos.
Além desses problemas, a prefeitura detectou que a clínica da família não está habilitada junto ao governo federal, o que impede de receber recursos da união.
Para isso, a prefeitura já está fazendo estudos para adequar a unidade de Miguel Couto que terá que passar também por reformas. O pedido já foi encaminhado para aprovação na Comissão Intergestores Bipartite (Cib).

 

Vale ressaltar que o atendimento ambulatorial da unidade está funcionando normalmente, atendendo de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com diversas especialidades médicas, como clínica médica, ginecologia, odontologia, entre outras.

 

por Davi de Castro (davi.castro@jornalhoje.inf.br)

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