Escolas de samba realizam eventos mais cedo por causa da violência

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A imagem boêmia dos sambistas deixando as quadras das escolas com o dia raiando está cada vez mais rara. O que alterou o relógio dos bambas foi a violência. Ela provocou mudanças na programação de algumas agremiações do Grupo Especial, que estão realizando os seus eventos mais cedo.

A atual campeã do carnaval é uma delas. Se antes a disputa de sambas-enredo na Portela começava às 23h de sexta-feira, terminando só no fim da madrugada, agora é praticamente uma matinê, com início às 17h de domingo. O presidente Luís Carlos Magalhães faz uma avaliação positiva da mudança:

“Esse horário mais parecido com a feijoada é um sucesso. Todo mundo gosta, os cantores podem fazer shows em outros lugares à noite, e quem vai acordar cedo no dia seguinte aproveita sem culpa.

Integrante da Velha Guarda, Monarco lembra que os ensaios começaram a varar as madrugadas a partir da década de 70, quando as quadras saíram do morro para o asfalto:

“A insegurança está demais, então acho que é uma maneira de salvaguardar a vida das pessoas”.

Especialista em carnaval, o historiador Luiz Antônio Simas também aprovou:

“Faz parte do jogo. Não vejo como uma tradição sendo quebrada ou discutida. Acho que são as circunstâncias. Às vezes, é complicado para as pessoas saírem, já que algumas escolas estão inseridas em comunidades conflagradas”.

Batuque na Mangueira só até meia-noite

Na Mangueira, os eventos de sábado começam às 20h e não passam da meia-noite. Antes, era nesse horário que a quadra começava a pegar fogo.

“Tem dado muito certo, e o pessoal se sente mais seguro”, disse o presidente Chiquinho da Mangueira.

Morador de Duque de Caxias, o mangueirense Vinícius Nunes, professor de Geografia de 23 anos, disse que a mudança do horário facilitou a volta para casa:

“Para o transporte é fundamental. Antes, terminava às 4h. Para voltar nessa hora é complicado. Para ir eu pego um ônibus direto de Caxias para Mangueira, mas ele só voltava a funcionar às 6h. Ou eu ia para a Central para pegar um ônibus para o Centro de Caxias e outro para minha casa. E esse ônibus era só de hora em hora. Tenho medo. As ruas estão muito desertas, é inseguro”, justificou o morador da Baixada.

Unidos da Tijuca na expectativa do horário de verão

A Unidos da Tijuca também acertou o relógio com o clima da cidade. As disputas de samba-enredo, às quintas, começam às 18h. O presidente Fernando Horta espera o horário de verão:

“Vamos esticar mais o samba.

Outras escolas já haviam reprogramado seus horários, como a São Clemente, a Vila Isabel e a Beija-Flor. A Imperatriz Leopoldinense foi pioneira: há três anos, antecipou os horários dos eventos por causa da violência no Complexo do Alemão, que fica perto da quadra, em Ramos.

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