Ivana continua sendo Ivana conforme a natureza

*Miguel Lucena

A novela das 21h deu um nó na cabeça dos telespectadores, ao introduzir o debate sobre os conflitos vividos por jovens que têm um sexo e sentem que têm outro, oposto.
Inicialmente, naturalizou o conflito, tratando-o como uma escolha, na esteira das teses de que o sexo é cultural e não biológico. Os órgãos genitais e reprodutores, formados pela natureza, seriam um mero detalhe.
Conforme a tese do sexo cultural, as pessoas nascem sexualmente indefinidas, escolhendo o sexo depois de certa idade, quando já poderão decidir sobre o que é melhor para si, em busca da felicidade.
O sexo biológico é o natural, que nasce com o ser humano. Homem e mulher nascem com órgãos externos e internos próprios de sua natureza, razão por que os riscos de rejeição são grandes quando, por necessidade, se faz algum transplante.
Se o sexo fosse cultural, não haveria necessidade de se tomar hormônios e outras substâncias para alterar o corpo, com riscos até de vida, e se submeter a tratamentos psiquiátricos, para suportar as transformações artificiais.
A autora Glória Perez entrou agora no labirinto do Minotauro, ao transformar Ivana em Ivan, com bigodinho e barba, e ainda arranjar uma barriga para Ivan.
Quem acompanha a novela está confuso. Como pode um homem engravidar? Se Ivana virou Ivan, para que deixou o útero no lugar, quando fez opção por uma próstata?
Na verdade, Ivan continua sendo Ivana. É nisso que dá forçar a natureza.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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