Lindbergh diz que plano de Levy fracassou e quer mudança na política econômica

Plenário do Senado

Ex-prefeito de Nova Iguaçu e hoje senador, Farias pede que Dilma reapareça para governar com “o programa vencedor das eleições”

Depois de votar contra a orientação do partido em medidas do ajuste fiscal, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) diz em artigo que não “resta dúvida” de que o plano do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está fracassando. “Está acontecendo entre nós exatamente uma repetição do que houve na Grécia, Espanha e Portugal”, escreve o senador petista. “Essa política econômica neoliberal de Levy não é a nossa, nem Dilma foi eleita com essas propostas. Dizer que inexistem alternativas é falso, basta ler o debate econômico brasileiro e internacional e verificar que as alternativas existem, sim.”
Para o senador, a solução para a crise do governo Dilma Rousseff é angariar o apoio das bases sociais, o que só pode ser feito com uma mudança na política econômica.
O petista sugere que o Brasil tome “coragem” e inspiração nos gregos e diz que o ajuste impôs ao País uma “recessão mastodôntica” e uma arrecadação decrescente, além de aumento do déficit nominal, do desemprego e diminuição da massa salarial.
Para Lindbergh, a consequência da política de Levy “recai sobre os ombros dos trabalhadores e dos mais pobres, os que votaram em nosso governo, os que fizeram Dilma e Lula presidentes da República”, e é a confiança dessa parcela da população que o governo deve lutar para reconquistar. “Isso só será possível se o governo entender a gravidade da crise, esquecer um pouco o Levy e seu samba de uma nota só do ajuste fiscal”, escreve, defendendo uma política mais à esquerda por “emprego e renda dos trabalhadores, taxação das grandes fortunas, legalidade democrática, soberania nacional e direitos humanos frente a essa ofensiva conservadora”.
Segundo o senador, o governo deve mudar a política econômica porque “não se atira contra a própria tropa, contra aqueles que podem sair às ruas em defesa da legalidade democrática.” Ele faz um apelo para que Dilma “entenda” que os opositores querem sua cabeça e reapareça para governar com “o programa vencedor das eleições”. “Este é um daqueles momentos de encruzilhada da história do Brasil em que somente o povo é capaz de nos livrar do golpe em curso”, afirma.

Impeachment

Apesar de criticar a política econômica de Dilma, o senador mostrou indignação com o que chamou de “conspiração aberta” contra uma “presidente eleita democraticamente pela maioria do povo brasileiro”. No fim de semana, em convenção do PSDB, tucanos defenderam novas eleições antes de 2018.
Para o petista, “golpe” é “como abrir uma caixa de Pandora”, que se sabe como começa, mas nunca como termina.
Lindbergh alega que não é preciso mudar o governo para melhorar a situação econômica e acusa os tucanos de cinismo. Segundo o petista, os opositores aplaudem as ações de Sérgio Moro em público, mas falam de abusos no processo nos bastidores e prometem um “governo forte”, com ascendência sobre o Judiciário, se voltarem ao poder.
O senador defende a mobilização das bases sociais para evitar um afastamento da presidente. “Temos que anunciar que, se optarem por esse caminho, estarão colocando o Brasil em um clima de radicalização e confronto que atenta contra nossa democracia”, afirma. “Mas para isso precisamos da ajuda do governo. É preciso que o governo pare de atacar a sua própria base!”.

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